O AC/DC Brasil entrevistou o primeiro vocalista do AC/DC, Dave Evans. Ele falou um pouco sobre o tempo que esteve a frente do AC/DC e sobre sua carreira solo.

Seu visual na época do AC/DC e no decorrer da sua carreira foi o glam rock. Quais foram suas principais influências quando você começou a tocar em bandas?

Dave – O que é Glam? A suposta imagem glam do AC/DC fui sugerida por Malcolm Young. Originalmente nós vestíamos jeans e camisetas. Ele vestia uma espécie de uniforme de piloto de avião, o baterista vestia uma fantasia parecida com a do Coringa das cartas de um baralho, o baixista vestia um capacete todo estourado, óculos escuros, calça colante e botas, como um polícial de motocicleta de Nova York, Angus vestia o uniforme da escola e foi sugerido para mim que eu usasse a mais bizarra roupa de rock star. A única pessoa que continua com a imagem “glam” por toda sua carreira é o Angus. As minhas maiores influências foram Free, Led Zepplin and Deep Purple.

Antes de optarem por “AC/DC” a banda teve nomes temporarios como “Third world war”. Você se lembra de algum nome curioso que surgiu durante as conversas para escolher o nome da banda?

Dave – O ÚNICO nome que tínhamos era AC/DC. Nós todos sugerimos outros nomes antes de todos votarmos a favor de AC/DC, e este foi o nosso nome já em nosso primeiro show.

Durante o início de qualquer banda, tocando em pequenos bares e festas, há sempre espaço para algo bizarro acontecer. Você se recorda de alguma história engraçada em sua época no AC/DC, bem lá no comecinho da carreira?

Dave – Um show que fizemos em Perth, Oeste da Australia, a atração que se apresentou antes de nós era um travesti, que se parecia muito com uma linda mulher, e Angus estava realmente deslumbrado com ela, quando o travesti desceu do palco e nós estávamos esperando para subir. “Ela” se abaixou e beijou ele na bochecha e ele ficou vermelho de vergonha. Nós rimos bastante e brincamos com ele sobre isso.

Você teve alguma participação no processo de criação das primeiras músicas da banda? Você criou algum arranjo ou melodia, ou até mesmo as letras em algum período?

Dave – Eu escrevi duas músicas com a banda, chamadas “Sunset Strip” e “Fell in Love”, as quais tocamos na Sydney Opera House e no Festival Hall, em Melbourne. Depois que Bon Scott entrou na banda, ele reescreveu as letras e mudou as músicas para “Show Business” e “Jean/Love Song”.

Recentemente, você visitou o túmulo do Bon Scott. Você se lembra de alguma estória engraçada sobre Bon? Você alguma vez bebeu ou farreou com ele? Você se dava bem com ele?

Dave – Bon costumava sempre estar por perto da banda quando tocávamos em Adelaide, já que ele morava lá naquela época. Ele sempre contava piadas, sempre brincava e nós nos dávamos bem juntos. Eu encontrei com ele de novo depois que ele entrou para o AC/DC. Nós trocamos algumas piadas, nos cumprimentamos e desejamos sorte um ao outro.

Os dois álbuns do Rabbit são muito bons em minha opinião. “Too Much RocknRoll” atingiu um relativo sucesso na época de seu lançamento. Por que a banda acabou tão cedo?

Dave – Era 1977 e a “Disco Music” estourou nas paradas australianas com os BeeGee’s, John Travolta, etc. Metade dos locais que tocávamos se tornaram discotecas, sem música ao vivo. Com isso muitas bandas da época não podiam sustentar suas despesas quando estavam em turnês e acabaram se separando, incluindo outros artistas top austalianos como Sherbet e Hush, que tinha acabado de ter músicas no topo das paradas bem naquele momento.

O album “Sinner” foi produzido pelo seu amigo do Rabbit, Mark Tinson. Você pretende reunir o Rabbit algum dia?

Dave – Não, não agora nessa altura do campeonato, mas nós nos reunimos há alguns anos atrás para um show de caridade em prol das vítimas do Tsunami da Indonésia que matou milhares (2004). Foi fantástico voltar ao palco com os rapazes e tocar nossos velhos hits.

Falando sobre o “Sinner”, você o considera o seu melhor album? Como foi o processo de gravação?

Dave – Depois de eu tê-lo gravado, eu tenho que admitir, eu percebi que o album realmente detonava. As críticas foram ótimas. Mark Tinson, do Rabbit, produziu o album e nós apenas recrutamos nossos amigos de Newcastle, incluindo David Hinds, que também tocou no Rabbit, e o album todo levou apenas duas semanas para gravar. É por isso que ele tem uma vibração ao vivo muito boa.

Seu último album, “Judgment Day”, recebeu ótimas críticas e tem uma base bem Classic Rock. Atualmente, você está trabalhando em um novo album ou novo projeto?

Dave – Eu e Mark Tinson estamos vislumbrando um terceiro album juntos para o futuro, no entanto, eu gravei duas músicas recentemente em Fort Worth, Texas, com a lenda texana John Nitzinger, que também já escreveu um album com o Alice Cooper e participou de uma tour com a banda dele nos anos 80. Eu não sei o que vai acontecer com essas músicas, mas espero poder gravar mais com o John. Nós veremos o que irá acontecer por lá.

Quais bandas você tem ouvido ultimamente? Há alguma coisa nova por ai que você possa nos recomendar?

Dave – Eu ouvi que o “Baby Animals” da Australia se juntaram novamente e estão fazendo novo material. Eles são uns dos meus favoritos.

Você estava fazendo uma turnê pela Australia. Você pretende vir ao Brasil algum dia?

Dave – Recentemente me perguntaram se eu gostaria de fazer uma tour pela América do Sul, incluíndo o Brasil. Eu adoraria ir e tocar ai e estou aberto a propostas. Eu estou para começar uma turnê no Reino Unido e na Europa em maio de 2010 por alguns meses.

Quais são seus álbuns favoritos?

Deep Purple – In Rock

The Beatles – Sgt. Peppers
Rolling Stones – High Tides and Green Grass
The Babys – The Babys
Free – Muddy Waters