Antônio Carlos Miguel é repórter e crítico, jornalista especializado em música há 30 anos, escreve para o Segundo Caderno do O Globo, mantém um blog no Globo Online. Foi membro votante dos prêmios TIM de Música, Grammy Latino e Rival. Teve a oportunidade de assistir a primeira apresentação do AC/DC no Rock In Rio I de 1985. Tivemos a honra de fazer uma entrevista com um critico sério e respeitado na mídia nacional. Confira abaixo:

AC/DC Brasil – Gostaria de começar conhecendo um pouquinho mais do grande repórter e critico que você é. Quem é Antônio Carlos Miguel?

Antônio Carlos Miguel – Tirando o “grande”, apenas um esforçado e correto, eu virei jornalista por amar a música. Na verdade, comecei como fotógrafo, numa revista independente que co-editei em 1974 com Julio (Gang 90) Barroso, “Música do Planeta Terra”, e ao poucos fui trocando as lentes pelas teclas das máquinas de escrever – muito antes de computadores virarem nosso instrumento. Então, comecei como editor dessa revista alternativa – que durou apenas seis números e contou com colaborações de gente que admirávamos e até então não conhecíamos, como Caetano Veloso (escreveu nos seis números), Ronaldo Basto, Rita Lee, Jorge Salomão, Jorge Mautner, Salgado Maranhão, Sérgio Natureza) – e agora, com mais de 30 anos de carreira, sou repórter e crítico musical do Segundo Caderno, do qual também fui editor assistente.

AC/DC Brasil – Antônio, eu conheci alguns de seus poemas no colegial, são fantásticos, parabéns. Uma vez estava voltando de Piracicaba me encontrei lendo sua coluna no Jornal O Globo, trazendo suas críticas bem estruturas e ricas em detalhes, ai conheci seu blog, agora sempre estou por lá. Com toda essa bagagem que você traz, como é escrever sobre música no Brasil de hoje?

Antônio Carlos Miguel – Sim, cometi alguns poemas na juventude, alguns estão num livro que a Editora Civilização Brasileira lançou em 1978, “Ebulição da Escrivatura / 13 poetas impossíveis”, que organizei com dois desses 13, Sérgio “Natureza” Varela e Salgado Maranhão. Mas, aos poucos, meu interesse pela poesia ficou restrito à leitura. O trabalho como jornalista tem esgotado minha vontade de escrever… Sobre como é escrever sobre música, posso falar de minha experiência, que, como já disse, é fruto de meu interesse, de minha paixão pela música.

AC/DC Brasil – Estamos vendo todos os dias novas bandas e músicos surgindo, lançam um hit e depois desaparecem, não é só aqui não, lá fora também. O que você acha sobre isso?

Antônio Carlos Miguel – Com a maior facilidade de gravação e veiculação da música, essa tendência se acentuou, mas quem realmente tiver consistência vai ficar – ou, anos depois será descoberto. A internet tem sido benéfica no sentido de ter esvaziado o exagerado poder de pressão da indústria do disco, que tentava impor seus artistas.

AC/DC Brasil – Antônio, falando um pouco do que a gente nunca se cansa, o Rock and Roll. Pra você quais são foram os personagens que mais marcaram na história do Rock and Roll, nacionalmente e internacionalmente?

Antônio Carlos Miguel – Se pensarmos em termos históricos, tirando meu gosto pessoal, não há mistério, os suspeitos de sempre: Chuck Berry, Elvis, Little Richard, Beatles, Stones, Dylan, Hendrix, Led Zeppelin, Sex Pistols, Clash, Nirvana… e, por aqui, Erasmo Carlos, Mutantes, Raul, Rita, Novos Baianos, Legião.

AC/DC Brasil – Muito se falou e ainda se fala do ocultismo que certos personagens do rock incluíam em suas canções. Será que essas histórias, representam algo como aquelas que nossos pais contam quando criança pra gente não fazer coisas que acreditam ser errado?

Antônio Carlos Miguel – Esse teatrinho de horror do rock, a expressão é de meu guru (e de muita gente) Ezequiel Neves, é um ingrediente a mais, que tem funcionado para muitos artistas. Não me interessa muito, algo “proibido para maiores de 15 anos”.

AC/DC Brasil – Ta certo! O AC/DC é uma das bandas que muitos criticam as letras de suas músicas, sempre contando histórias sobre noites com garotas, festas e falando do que viveram pela estrada nas décadas de 70, 80 e 90. Muitos defendem a idéia de que isso deva ser censurado, como a capa do álbum “Highway To Hell”, letras como das músicas “Hells Bells”, “Cover You In Oil” e “Highway To Hell”. O que você acha disso Antônio?

Antônio Carlos Miguel – Sou contra qualquer tipo de censura. Em muitas de suas letras, o AC/DC celebra a eterna adolescência do Rock and Roll, algo que bate fundo nos corações e nas mentes dos adolescentes. O impressionante é que, já cinquentões, eles consigam manter esse discurso e soar convincentes.

AC/DC Brasil – Agora falando um pouco mais de AC/DC, como foi o seu primeiro contato com a banda?

Antônio Carlos Miguel – Eu já trabalhava como jornalista especializado em música quando o grupo passou a ter seus discos lançados no Brasil, portanto, acompanhei desde sempre, assisti ao filme que mostra a transição, com a morte do cantor original. Escrevi um pôster-biográfico da série que a revista “Som Três” editou nos anos 1980, assisti à energética apresentação da banda no Rock in Rio I, em 1985. Portanto, mesmo sem ser um fã, conheço alguma coisa e gosto da pega Rock and Roll sem frescuras do AC/DC, com seu guitarrista-símbolo fazendo o gênero eterno garoto rebelde.

AC/DC Brasil – Segundo boatos a banda passará mais uma vez pelo Brasil no final desse ano, pela turnê do novo álbum “Black Ice”, não apareceram na turnê “Stiff Upper Lip” em 2000. Antônio, você acredita que o nosso país receba a banda dessa vez? Afinal recentemente recebemos B.B King, Chuck Berry, Deep Purple, Bob Dylan. As produtoras estão ficando mais interessadas no público brasileiro?

Antônio Carlos Miguel – Há boas chances de o grupo vir, sim. Com a economia sólida, o Brasil virou um mercado altamente rentável para os grupos internacionais. E há um grande público para grupos no segmento de Hard Rock, Heavy Metal, como AC/DC, Iron, Deep Purple.

AC/DC Brasil – Antônio muito obrigado de verdade pela entrevista. Temos a honra de ter a opinião de um crítico experiente e respeitado como você. Nós do AC/DC Brasil.net desejamos sucesso e saúde pra você Antônio, muito obrigado mais uma vez.

Antônio Carlos Miguel – Eu que agradeço e sucesso para vocês. Fui no site e parabéns pelo trabalho.

AC/DC Brasil – O nosso muito obrigado!

Blog no Globo Online – Antônio Carlos Miguel
Guia de Música na Folha – Antônio Carlos Miguel