Esta entrevista foi publicada no site Bravewords.com em fevereiro de 2010. Completara 30 anos da morte de Bon Scott.

No dia 19 de fevereiro de 1980, o mundo perdia um dos mais distintos e carismáticos vocalistas do rock. O cantor do AC/DC, Bon Scott morreu nas primeiras horas da madrugada, no banco de trás do carro de um amigo, depois de uma típica noite de bebedeira em Londres, Inglaterra. Sua morte aconteceu poucos meses após o primeiro grande sucesso da banda na América do Norte, com o álbum “Highway to Hell“. Ele tinha trinta e três anos, mas sua memória e proeza musical continuam. Os guitarristas e irmãos, Angus e Malcolm Young, contam ao BraveWords.com a história de um roqueiro e querido amigo.

Bon Scott e Angus Young. AC/DC. Anos 70.

Bon Scott e Angus Young. AC/DC. Anos 70.

A influência de Bon

Angus: “Eu acho que é uma coisa que simplesmente faz parte de você. A dor é a mesma de você perde alguém próximo, da família ou um bom amigo. Você sempre tem a sensação que eles estão lá, mas eu acho que você sente a falta física deles. Sempre recordo de momentos, e não importa que situação seja. Você pode estar viajando, pode estar relaxando em algum lugar, indo tocar ou em estúdio, sempre tem alguma coisa que te faz lembrar.”

Depois da morte de Bon

Malcolm: “‘Deveríamos continuar com o mesmo nome? Todo tipo de pensamento passou por nossas cabeças. Nós só ficávamos sentados por aí sem fazer nada, em respeito também, entende? Estávamos tentando nos recuperar da dor da perda. Então, certo dia falamos: ‘Olha, nós fizemos várias músicas antes de Bon morrer, então por que não nos reunimos e pelo menos… pelo menos, podemos tentar fazer alguma coisa, podemos tocar guitarra.’ Então fizemos isso e muitas músicas boas surgiram nesse período. Nós não precisávamos fazer isso, mas dentro da gente tinha algo e que provavelmente nunca teria aparecido. Acho que isso nos fez amadurecer muito rápido.”

Angus: “Até mesmo Bon, um pouco antes de morrer, apareceu pra ensaiar comigo e Mal, foi pra bateria e Mal disse a ele: ‘Ah Bon! Vá para a bateria, nós precisamos de um baterista’, e era isso que ele amava. Bon queria ser o baterista da banda. Foi engraçado, na primeira vez que nos reunimos apareceu esse cara dizendo, ‘Eu sou seu novo baterista.’ Mal o convenceu a cantar, a ficar na frente do palco. Então, lá estava ele no final novamente. Na última vez que o vimos, lá estava ele, atrás do kit. Ele tocou a introdução de uma das faixas. Acabou não sendo uma das melhores músicas, mas a introdução era ótima – Let Me Put My Love Into You – apenas a introdução dela, antes de chegar ao território do Mutt Lang. Era muito boa até essa parte (gargalhadas)!”

O cara do “Geordie”

Bon e as Heathen Girls em Atlanta, EUA, em 1978.

Bon e as Heathen Girls em Atlanta, EUA, em 1978.

Angus: “Eu lembro que a primeira vez que ouvi o nome de Brian [Johnson], foi através de Bon. Ele comentou que estava na Inglaterra, uma vez, em turnê com uma banda e que Brian estava em uma banda chamada Geordie e Bon disse: ‘Brian Johnson, ele era um ótimo cantor de rock n’ roll, ao estilo do Little Richard‘. E esse era o grande ídolo de Bon, Little Richard. Eu acho que quando ele viu Brian, naquela vez, para Bon foi como ‘Bem, ai está um cara que sabe do que se trata o rock n’ roll’. Ele comentou isso com a gente na Austrália. Eu acho que quando a gente decidiu continuar, Brian foi o primeiro nome que surgiu para mim e para Malcolm, então dissemos que deveríamos tentar encontra-lo”.

Bon e Brian

Angus: “Eu nunca os comparo pois ambos são únicos. Brian, por sua vez, teve uma tarefa enorme. Ele de fato deu conta e foi além, portanto ambos se tornaram únicos, embora tenham similaridades. Essa é uma opinião que todos nós do AC/DC compartilhamos. Todo o nosso passado é bastante parecido. Todos nós viemos de família de trabalhadores, todos nós temos a consciência de nos mantermos unidos quando as coisas ficam um pouco ruins.”

“Back in Black”

Angus: “Nós tínhamos um monte de ideias de quando ainda estávamos na turnê Highway to Hell e sentimos que elas deveriam ser terminadas. Você nunca sabe, nós poderíamos ter dito: ‘Era isso. Acabou.’ Nós podíamos ter parado, mas ainda sentíamos que tínhamos algo a terminar, então a capa do Back in Black. Você pode ver, nós a fizemos de preto, chamamos de Back in Black e ainda colocamos Hells Bells como a primeira música.

Obviamente, que depois que Bon se foi, as coisas ficaram diferentes. Eu acredito que para muitos foi como começar de novo porque você não sabia o que sairia dali, como seria recebido. Você pensa: ‘É ético?’. Essa foi nossa homenagem para Bon”.

“Highway to Hell” como o auge da carreira de Bon

Angus: “Sim, eu acho que para Bon provavelmente era. O cara era cheio de vida, e então essa tragédia. Quando penso em retrospecto, sempre penso nele como alguém cheio de vida.”