Chequers, uma boate que ficava nos subterrâneos em Sidney apresentava pessoas importantes do entretenimento internacional, mas tinha algo particularmente especial na banda que subiu ao palco de lá pela primeira vez na véspera do ano novo de 1974. Seu nome era AC/DC.

O rock and roll estava em decadência, então Malcolm Young quis recriar aquela mesma emoção que seus heróis, Chuck Berry, Little Richard, Fats Domino, The Who e The Stones haviam criado.

A arma secreta da banda foi o irmão mais novo de Malcolm, um guitarrista cheio de energia, chamado Angus, que ainda estava na escola, mas era nas aulas de guitarra que tirava as notas mais altas.

Com o nome retirado de trás de um aspirador de pó da família, alguns críticos erradamente dizem que foi uma referência para a bissexualidade dos membros da banda, por causa de seus shows em uma série de bares gay, onde a banda conquistou o público dali com sua energia excepcional.

Em suas performances eletrizantes, Angus não aparecia vestido apenas de estudante, mas também de Zorro, Super-Homem e até de Homem-Aranha.

Em Julho de 1974, lançam o primeiro single, “Can I Sit Next To Your Girl”, seguido com “Rockin’ In The Parlour”, que foram lançados somente na Austrália. Os singles produzidos por Harry Vanda e George Young foram bem aceitos.

Mais tarde, quando a banda estava em Adelaide seguindo o incansável calendário de turnê, encontraram com Bon Scott. Bon estava se recuperando de um acidente de moto quase fatal.

Bon imediatamente se apaixonou pelo AC/DC. Ele sabia que podia fazer melhor que o cantor atual e provou isso sem sombra de dúvidas. Ainda em Adelaide Bon assumiu o comando do microfone.

Bon entrou para a banda oficialmente no início de Outubro de 1974, no “Rockdale Masonic Hall” em Sydney. Foi uma grande estréia, Bon parecia estar na banda desde sua criação. Sem dúvida Bon e AC/DC naquele dia se encontraram em uma combinação perfeita.

Não perderam tempo e em Novembro a banda gravou seu álbum de estréia, “High Voltage”, no Albert Studios em Sydney, com Harry Vanda e George Young novamente trabalhando na produção.

Depois que o álbum foi concluído, a banda viajou milhares de milhas, do sul até Melbourne. Naquela época Melbourne era a capital do Rock and Roll do país.

Para o desgosto de seus vizinhos, a base da banda num prédio chamado “Landsdowne Road”, na rua St Kilda, rapidamente se transformou em um lugar de 24 horas de festa.

Em meados de Março, com baterista Phil Rudd e o baixista Mark Evans recrutados, a banda fez sua lendária aparição no programa de TV, “Countdown”, tocando uma versão do clássico do Blues, “Baby Please Don’t Go”, versão que estava presente no álbum “High Voltage”. Bon entrou vestido como uma estudante cheia de tatuagens e com o cabelo do peito pra fora.

Com apresentações constantes – chegando às vezes fazer até cinco shows em um dia – o AC/DC já era um fenômeno em Melbourne, com performances no Festival Hall com capacidade de até 5.000 pessoas, as apresentações se transformaram em exercícios de histeria em massa.

Um show na cidade foi cancelado devido as preocupações com a segurança. Quando os cinco mil fãs saiam do concerto, eles quebravam quase tudo como se fossem diabos loucos que acabaram de serem soltos.

A banda nacional continuou a crescer e em Dezembro de 1975 com o lançamento do álbum “T.N.T.”, que incluiu o clássico “It’s A Long Way To The Top”, a banda assinou um acordo com a Atlantic Records para o lançamento internacional do disco em Londres.

O AC/DC estava nas nuvens, mas isso não os impediu de pegar um caminhão e tocar “It’s A Long Way To The Top” enquanto davam voltas pelo centro de Melbourne.

Pouco tempo depois eles foram para o céu, no início de Abril de 1976 saíram da Austrália e voaram com destino a Londres para fazer a primeira turnê britânica e divulgar o álbum “High Voltage”, uma compilação dos dois primeiros álbuns que logo seria lançada no Reino Unido.

Novamente a banda estava com turnês de meses inteiros agendadas. Foi partir de Julho no famoso Marquee que a banda viu sua popularidade crescer.

Em Setembro, o álbum “Dirty Deeds Done Dirt Cheap” foi lançado na Austrália. No mesmo mês o AC/DC teve seu primeiro disco lançado no EUA, “High Voltage”, que finalmente chegou as costas americanas.

No primeiro semestre de 1977 houve uma grande atividade no AC/DC, lançamento do álbum “Let There Be Rock”, outra visita ao Reino Unido e Europa, juntamente com o recrutamento de um novo baixista, o inglês, Cliff Williams.

“Let There Be Rock” foi lançado na América em Junho, e nos finais de Julho a banda saiu para sua primeira turnê nos EUA, onde ao longo dos meses seguintes tocaram pra multidões crescentes. Isso aconteceu cinco meses antes do lançamento do “Let There Be Rock” no Reino Unido, onde a banda era muito popular.

No início de Dezembro, o AC/DC fez um show ao vivo histórico nos estúdios de gravação da Atlantic em Nova York, o qual resultou no álbum promocional, “Live At Atlantic Studios”.

A agenda da banda voltou a esquentar com a gravação do álbum “Powerage”, que foi lançado em Maio, apenas poucas semanas depois de a banda incendiar no lotado concerto no Apollo em Glasgow nos finais de Abril, que imortalizou o álbum ao vivo “If You Wan’t Blood (You’ve Got It)”, lançando tempos mais tarde naquele ano. Até hoje, é um dos melhores álbuns ao vivo já gravado.

Mas foi o lançamento de Agosto de 1979, “Highway To Hell”, que realmente abriu as portas para a banda. Foi a primeira produção da banda com Mutt Lange e não com Vanda e Young. Era tudo o que o AC/DC sempre demonstrou ser.

Um sabor da incrível força e energia do que o AC/DC estava levando para os palcos na época foi lançada no filme “Let There Be Rock”, que foi gravado em Paris, nos meses finais de 1979.

O AC/DC estava a beira de algo muito importante. Sem dúvida nenhuma.

Segunda parte: Anos 80 – “O peso da fama”
Terceira parte: Anos 90 – “Popularidade renovada”
Quarta parte: Anos 2000 – “Eventos recentes”