O AC/DC começou os anos 90 com um enorme poder e com um desejo de não ter prisioneiros. Malcolm estava de volta e disparando em todos os canhões, com seu retorno, a energia da banda foi direcionada para o álbum “The Razor’s Edge”, que contou com um novo baterista, Chris Slade, e que ajudou o AC/DC a criar grandes músicas, como “Thunderstruck”.

Produzido por Bruce Fairbairn, “The Razor’s Edge” foi lançado em Setembro de 1990 levantando as vendas do AC/DC, após uma seqüência de vendas relativamente calma dos últimos álbuns da banda. O lançamento estremeceu as lojas do mundo todo, levantando as vendas, somente na América o álbum vendeu isoladamente três milhões de cópias em apenas uma semana.

Dando seqüência pela enorme demanda pelo álbum mais recente da banda, o público demonstrava ter um desejo insaciável para ver o AC/DC em um concerto ao vivo, forçando a banda fazer uma pequena prévia da turnê mundial, que passou pelo Estados Unidos e Canadá e foi divida em três estágios. Quando a fumaça abaixou, a banda já havia realizado cerca de 100 shows. Para além de qualquer dúvida, o AC/DC fez uma volta espetacular.

A turnê mundial “The Razors Edge”, levou a banda a visitar sua terra de origem. Em Agosto de 1991 o AC/DC foi pela terceira vez a atração principal do festival “Monster Of Rock” no Reino Unido, resultando no espetacular DVD “Live At Donington”, também conheceram novos fãs quando a banda fez sua primeira aparição no dia 28 de Setembro na Rússia. A banda foi até a Rússia para fazer um concerto gratuito, que atraiu aproximadamente 1,2 milhões de pessoas. A multidão era tão grande que se estendia pelos horizontes de todos os lados. o AC/DC jamais fez comentários políticos, mas fez uma enorme declaração apenas com sua presença. A recepção da banda foi mais do que um pouco humilde, mesmo para uma banda que construiu uma carreira sempre colocando seus fãs em primeiro lugar.

Mais do que nunca a jornada da turnê “The Razor’s Edge”, trouxe para banda novas experiências, tocando pra platéias diversas, incluindo aquelas pessoas que só conheceram o AC/DC pelo álbum “Back In Black” – que até aquela data havia vendido mais de 12 milhões de cópias só nos EUA – aqueles que a foram a turnê de batismo, aqueles achavam que nunca mais seriam as mesmas, e é claro, aquelas que estavam com a banda desde o início e nunca perdeu a chance de ver sua banda favorita em ação entraram em choque. Gerações inteiras de fãs estavam indo para os shows. Os pais trouxeram os filhos e até mesmo netos para verem os mestres mostrarem como o Rock and Roll foi criado pra ser tocado. O AC/DC simbolizava não apenas a mais eletrizante banda de Rock and Roll do planeta, estavam se tornando uma instituição que englobava todas as classes sociais e faixas etárias.

Em Junho de 1993, a banda estava pronta pra arrebentar novamente, com uma música especial, intitulada “Big Gun”, uma contribuição do AC/DC para a trilha sonora para o filme de Arnold Schwarzenegger, “The Last Action Hero” (O Último Grande Herói).

A música tinha uma pura, despojada e excitante magia que a banda não tinha experimentado em muitos anos. Com a faixa de recém-resdescoberta-do-velho-estilo-básico, foi decidido em 1994 que a banda deveria contratar o baterista Phil Rudd novamente, que teve um grande mal-entendido com a banda antes do lançamento de “Flick Of The Switch” em 1983.

Era um momento perfeito, a formação clássica do AC/DC de volta novamente pela primeira vez em 12 anos.

O álbum “Ballbreaker” que foi lançando logo em seguida do reencontro, foi produzido pelo fanático, Rick Rubbin. O lançamento de Setembro de 1995 surgiu como a promessa do retorno de Phil Rudd, e contava com clássicos como “Hard As A Rock”, que inclui o que é talvez, o único (e muito breve) vocal de Angus Young no refrão. Para a arte de capa do álbum, a banda contou com a lendária equipe de desenho da Marvel Comics. Um lançamento do atual AC/DC nos quadrinhos foi concebido, mas, infelizmente, nunca foi produzido.

A turnê “Ballbreaker” afastou qualquer contratempo nos shows, que levava o nome do álbum não-muito-sútil. O DVD “No Bull – Live Plaza De Toros De Las Ventas”, que foi filmado pelo inovador produtor “David Mallet” em 10 de Julho de 1996, foi uma demonstração de primeira classe de todo o barulho, da gritaria e da pura energia que foi a turnê “Ballbreaker”.

Muito parecida com a turnê “The Razor’s Edge”, a turnê “Ballbreaker” foi um espetáculo com grandes destaques, incluindo um concerto para mais de 120.000 fãs fanáticos em Buenos Aires e, surpreendentemente, foi a primeira vez que a banda se apresentou em Darwin, Austrália.

Em Novembro de 1997, a banda prestou homenagem à Bon Scott, com o lançamento de “Bonfire”, um Box que prestava homenagem à Bon embora reconhecendo a enorme contribuição de Brian Johnson para o AC/DC. Em uma homenagem para o que a banda havia conquistado com Brian, o box incluía também uma nova versão do clássico “Back In Black”, que até então já havia vendido mais de 16 milhões de cópias só nos EUA. Em honra à Bon, algumas músicas e álbuns que não haviam sido lançadas, finalmente viram a luz do dia. Entre eles o mais famoso foi o “1977 Atlantic Studios Radio Broadcast”, a contundente trilha sonora para o filme, “Let There Be Rock” e também algumas versões alternativas de clássicos como “Whole Lotta Rosie”, que foi originalmente intitulada “Dirty Eyes”.

O box não era de jeito nenhum pra pôr um ponto final na presença de Bon Scott como vocalista do AC/DC, mas sim, foi para colocá-lo permanentemente como co-piloto da banda, enquanto velhos  e novos fãs tinham a oportunidade de ouvir Bon completamente afiado, no auge de suas capacidades. O box mostrou também o que todos os membros da banda já sabiam: O espírito de Bon nunca se afastou do AC/DC e ninguém na banda queria que isso fosse de outro jeito.

Chegando ao final da década, a banda foi condenada pelo Papa. Um reconhecimento divino, Bon teria adorado isso.

Quarta parte: Anos 2000 – “Eventos recentes”