Em uma descontraída conversa equipe do site Florida Trend, Brian Johnson fala sobre suas paixões, impostos, vida e AC/DC. Confira:

“Assim que saiu a onda dos Beatles, todo mundo queria estar numa banda, até mesmo as pessoas que não tocavam nada. Meus amigos estavam começando com uma banda. O baixista tinha um baixo. Seu irmão [do baixista] tinha uma guitarra. Outro tinha um belo conjunto de bateria Gretsch, laranja chamuscada. Aí me perguntaram: ‘O que você vai fazer?’ Eu tinha 15 anos e cantava no coral da igreja, mas que não era algo como ‘cantar’. Era canto. Aí eu perguntei: ‘Posso cantar?’ e eles disseram: ‘Não sei. Você pode? ‘.

Algo que me deixa com raiva é quando as pessoas dizem que eu tenho sorte, que a banda está com sorte. Quanto mais trabalhamos, mais sortudos ficamos.

No começo fui morar em Fort Myers (Condado de Lee na Flórida, EUA) onde comprei uma casa de praia. Fui pra lá para fugir do imposto. Mesmo motivo pelo qual deixei a Inglaterra. Eu queria morar fora da Inglaterra. O imposto [na Inglaterra] era de acabar com o cara, ridículo demais. Muito acima de 50%.

Brian Johnson na garagem de sua casa em Sarasota, Flórida.

Brian Johnson na garagem de sua casa em Sarasota, Flórida.

À minha primeira banda, eu e os rapazes demos o seguinte nome: Gobi Desert Canoe Club. Achávamos que éramos engraçados demais, cativantes e fabulosos de verdade. Pensávamos que éramos os mais legais do mundo mesmo sem nunca ter conseguido arrumar uma van e fazer apresentações.

Tenho uma sala musical no Sarasota Memorial Hospital chamada: ‘Brian Johnson: Quarto de Musicoterapia‘. É para crianças doentes, crianças em estado terminal. As levam longe das injeções, aflições, preocupações e essa coisa toda. Lá tem guitarras, teclados, bateria. A música faz bem para você.

Nós [os cinco rapazes do AC/DC] nunca nos envolvemos no mundo das drogas sabe? Não era pra gente, não nos interessava. O dia seguinte que é o problema. Acaba com a voz. Acaba e ‘machuca’ a música, a criatividade. Aconteceu uma vez em um show. Não ficamos bem, então foi aí que dissemos ‘nunca mais’.

A Flórida é agora o meu lar. Quando vou pra Inglaterra, eu me sinto como um turista.

Não sou um cara orgulhoso, mas sou feliz por ter um neto tarde na vida. Ele tem apenas dois anos e meio. É um garotinho fenomenal. É uma maçã para os olhos do vovô.

Recuso-me a assistir ‘X Factor‘ e ‘The Voice‘. É cruel. Injusto. Eles [os jurados] se aproveitam da pessoa no palco. Eles brincam e tiram sarro da pessoa. Depois de duas semanas estarão num Holyday Inn [famosa rede de hotéis] em algum lugar do mundo.

Meu herói é o George Washington [foi o primeiro presidente constitucional americano]. Ele era o cara. Era um homem leal ao povo, mesmo que não o fosse… Mas ofereceram a ele a monarquia da América e ele disse: ‘Seus idiotas. Passamos anos tentando tirá-la daqui… e agora vocês querem me fazer Rei?’

Não consigo descrever como é estar no palco e ver um homem de 73 anos, ao lado dele o filho e ao lado do filho, o neto. Três gerações curtindo o rock n’ roll. Temos o dever de fazer algo bacana pra eles.

Não gosto de Facebook. Odeio Twitter. O que houve com a privacidade? Encontrei 11 Brian Johnsons no Facebook que juram ser eu. Que se dane.

Eu amo reunir pessoas bacanas para um jantar. Acho que uma das melhores coisas que você pode fazer é participar de maravilhosas conversas.

Não entrei numa banda pra ser famoso. Entrei numa banda pra fazer música e pra mim é suficiente escutar: ‘Ele é um bom cantor.’ Só isso que desejo.

Ao passar dos 50 [anos de idade], todos já podem se considerar mortos. Portanto, tente aproveitar o máximo que puder. Estou em forma e mais disposto do que um cão. Participo de corridas pelo mundo inteiro. Tenho alguns amigos de verdade, uma família maravilhosa e uma fantástica esposa que realmente cuida de mim. Quando estou pilotando, vou ao máximo, pois eu não me importo. Já tenho uma vida maravilhosa.”

Fonte: Floridatrend.com [Entrevista de 2013]