Em setembro do ano passado, Brian Johnson deu uma entrevista especial para a revista da Ferrari. Além de falar sobre sua louca paixão por carros, sobre sua Ferrari, ele também falou sobre sua banda, AC/DC.

Leia o trecho onde ele fala sobre a banda:

Entrevistador: O esplêndido sucesso do AC/DC já surpreendeu você? Qual é o segredo?

Brian Johnson: Bom, levou 25 anos para que o Reino Unido nos entendesse. Nós éramos chamados de banda heavy metal ou heavy rock, nos rotulavam de tudo menos do que realmente éramos, que é simplesmente uma banda de rock n’ roll, com músicas simples.

Phil, nosso baterista, toca muito atrás do beat. É quase um milagre ele não cair daquele banco. Ele toca com um cigarro pendurado na boca o show inteiro. Mas as pessoas ainda me perguntam: ‘Como é que vocês conseguem fazer o andamento rock n’ roll que só vocês fazem?’ A resposta é ‘por causa do Phil’, simples assim. Ele deixou a banda por um tempo nos anos 80, e as coisas não eram mais as mesmas. Uma banda é a soma de peças distintas, é assim que funciona.

Quando você entrou para substituir Bon Scott, você teve que assumir uma grande responsabilidade. Como a banda chegou até você?

Aquilo foi um milagre. Na verdade, pra começar eu nem queria ir. Eu estive numa banda pop, “Geordie”, e tivemos 3 hits que chegaram ao “Top 10”, mas eu sai da banda com menos grana do que quando eu entrei. Então não fazia sentido eu tentar me aventurar no mundo da música de novo, era besteira, eu pensava. Então eu comecei meu próprio negócio, “North East Vinyls”, fazendo tetos de vinil e manutenção em carros.

Eu sou um mecânico de profissão. Eu projetei alguns motores, então eu estava indo bem com o negócio. Eu estava curtindo tudo aquilo quando eu recebi um telefonema pra fazer um teste numa banda. E então o telefone tocou, e era uma alemã pedindo pra eu ir pra Londres fazer um teste. E ao mesmo tempo um amigo me pediu pra cantar num comercial da “Hoover” – por 350 libras e gasolina paga -, então eu pensei em aproveitar pra ganhar essa grana com o comercial e dar um pulinho no “Vanilla Studios” para fazer o teste.

Eu ainda consigo me lembrar das letras que eu tive que cantar para o comercial! [ele canta: ‘the new high-power mover from Hoover/it’s a beautiful mover…’].

Assista ao comercial (exclusivo). Brian gravou a vinheta no mesmo dia em que fez o teste com o AC/DC em 1980.

Bom, aí eu fui fazer o teste e cantei ‘Nutbush City Limits’. Duas semanas depois eu estava no Compass Point Studios nas Bahamas. Eles não tinham me falado que não tinham as letras para nenhuma das músicas. Eles tinham a melodia para ‘Back In Black’, e a seguinte era ‘You Shook Me All Night Long’.

‘Isso já ajuda um pouco’, eu disse.  Eu fui até meu quarto naquela noite e escrevi por quase meia hora. Eu escrevi essas coisas sem sentido… ‘I got nive lives/cat’s eyes…’ (Back in Black). ‘She was a fast machine/she kept her morto clean’ (You Shook Me All Night Long). ‘Hells Bells’ tinha relação com um velho ditado inglês, ‘hell’s bells and buckets of shit’ (sinos do inferno e baldes de merda). Eu achei que eu seria espancado pelos caras no dia seguinte. Eu mostrei essas letras aos rapazes e perguntei ‘vocês reconhecem isso?’, e eles disseram que não tinham tempo pra procurar no dicionário! (risos)”