O ex-baterista do AC/DC, Phil Rudd, vai cair na estrada no ano que vem para fazer shows da turnê de seu primeiro álbum solo, Head Job.

Rudd conversou recentemente com site de música Eon Music e falou um pouco sobre suas memórias no AC/DC, sobre seu contato com os membros da banda, em especial Brian Johnson e sobre seus planos para sua carreira solo.

Olá Phil, como você está nesta manhã?
Estou muito bem, parceiro. Estou em pé desde às 5 da manhã. Eu levanto muito cedo, parceiro. Eu sou um pássaro da manhã.

Parece que você está muito saudável, considerando o recente susto [Phil sofreu um ataque cardíaco em 2016]
Obrigado, parceiro. Sim, estou muito, muito bem. Estou em boa forma de verdade.

Você acabou de anunciar datas de shows na Europa para divulgar o seu álbum “Head Job”. Você está ansioso para cair na estrada com sua banda solo?
Sim, pra caralho. Eu estou acostumado. Mas não sei quanto aos meus parceiros, mas eles ficarão bem, eu vou mantê-los na linha! Vai ser um pouco diferente – estou acostumado com o ritmo de antigamente, toca um dia e folga no outro. Mas vamos trabalhar pesado, vamos ver se conseguiremos chegar a um ritmo como esse.

Você está voltando a tocar em pequenas casas pela primeira vez após anos. Está ansioso para tocar próximo ao público de novo?
Sim, espero fazer um som alto e pesado, fazer o lugar sair um pouco do lugar, sabe? Vamos tocar a maioria das músicas do álbum “Head Job”, e espero arrebentar com tudo.

Você está tocando com um trio agora, ao invés de tocar com 5 músicos. Isso quer dizer que você vai ter que trabalhar um pouco mais?
Bom, agora nós temos um outro guitarrista. Estamos com um guitarrista rítmico que, no momento, está tocando demais. Ele é o cara certo pra nós, tivemos sorte. Nós estamos nos alinhando muito bem.

O álbum “Head Job” foi estruturado enquanto você ainda estava no AC/DC.
Bem, dentro e fora do AC/DC. Tivemos algumas longas pausas entre os trabalhos.

Foi por este motivo que você decidiu produzí-lo?
Não, eu decidi isso há muito tempo. Foi em 1985, quando eu saí da banda por um tempo. Eu estava meio que sem fazer nada e meio que isolado de tudo. Então isso foi algo que eu comecei a fazer por conta própria. Eu desenvolvi as coisas por um tempo até chegar no disco que gravamos, e eu estou muito feliz com ele.

Então desde 1985 você veio trabalhando para lançar um álbum solo?
Sim. Eu acabei construindo um estúdio, porque eu sou muito musical. Eu não sou um músico do tipo muito habilidoso, mas eu sou esforçado e este é o meu forte. Mas estou ansioso de verdade para cair na estrada. Sabe? Voltar na Irlanda vai ser do caralho. Eu não sei se temos algumas datas na Irlanda, mas vai ser do cacete, cara. Eu tenho um pouco do sangue irlandês em mim. Eu sou de Boyles. Não sei se eles são populares – eu tenho que ser cuidadoso com o que eu falo!

Você sempre foi um fã de carros de corrida, e você aparece no clipe da música “Head Job” dirigindo uma maravilha.
É uma Ferrari 599. 100 milhas por hora em 5 segundos. É uma besta. Não consigo entender o motivo dos caras terem feito ela parecer lenta no clipe, mas eu adorei, adorei.

Em 1979, no filme “Let There Be Rock”, você aparece dirigindo na neve um Porsche.
Sim, isso mesmo. Aquilo foi em um lago próximo à Paris. Era um Porsche 928. Sim, eles são similares, mas nem tanto.

O álbum “Let There Be Rock” vai fazer 40 anos em Janeiro. Você tem lembranças dessa gravação?
Sim, um pouco. Todos os álbuns que gravamos com a Albert Records eram parecidos; às vezes eu confundo um com o outro, sabe? Eu me lembro da primeira gravação. “High Voltage” foi o primeiro que eu gravei com a banda, e eu estava muito nervoso com George [produtor e irmão de Angus e Malcolm Young] me olhando. Eu era novinho, sabe? Mas eles me transformaram no que sou hoje, e isso é uma coisa boa. Então está tudo bem.

Como era gravar um álbum do AC/DC naquela época? Era tipo: “Phil, você tem três dias para gravar a bateria”?
Não. Nós gravávamos o ritmo. Malcolm, Angus, Cliff e eu… nós tocávamos e sentíamos a música e só aí então eu finalizava a bateria.

Qual é o seu álbum favorite gravado com o AC/DC?
Eu gosto bastante do “Rock or Bust“. Gravei em 10 dias; foi rápido, ainda mais hoje em dia que pode levar 6 meses pra gravar algumas músicas, dependendo de como você trabalha. Mas eu amo “Hard Times“, e o som da guitarra em “Emission Control” é demais, cara – é o melhor som de guitarra que eu já ouvi.

Por outro lado, “For Those About To Rock” levou meses para ser gravado.
Esse aí veio após “Back In Black“, e o gravamos em Paris. Gravamos “Flick Of The Switch” em Paris também, eu acho. Mas não sei, minha memória está indo pro saco.

Você saiu da banda durante a gravação do álbum “Flick Of The Switch”, depois de uma briga com Malcolm Young.
Não, não foi bem assim. Foi simplesmente um desentendimento, sabe? Quando você olha pra trás e reflete sobre o que aconteceu…

Você ficou desapontado por nunca ter tocado as músicas do álbum “Rock Or Bust” ao vivo?
Eu fiquei. Eu fiquei muito desapontado, mas foi o que chamam de “dar um tiro no próprio pé”, meu jovem. Eu fiz isso, parceiro, e fiz muito bem. Eu tenho algumas restrições para viajar pelo mundo, estou lidando com isso mas ainda não estou acabado.

Você estaria confortável tocar no AC/DC agora? Sem Malcolm, Brian Johnson e Cliff Williams?
Bem, sim, eu estaria. Há algumas outras opções e eu tenho as minhas ideias. Nada é impossível, vamos colocar dessa forma.

Você fez algum contato com algum dos rapazes desde sua saída?
Sim, eu fiz. Fiz contato com os rapazes e a equipe. Eu tenho conversado com Brian.
Eu conversei com Brian há alguns dias. Nós conversamos sobre carros e sobre o quão inútil ele é; o quão rápido eu sou em relação a ele! Ele está bem.

Phil Rudd. Ensaio para o clipe "Head Job". Outubro de 2016.

Phil Rudd. Ensaio para o clipe “Head Job”. Outubro de 2016.

Voltando sobre os shows solo, eu suponho que você vai estar tocando um material diverso, incluindo algumas músicas do AC/DC…
Bem, nós vamos tocar na Bonfest, então nós escolhemos algumas músicas de Bon, e eu acho que o nosso garoto Badger [vocalista e baixista Alan Badger] fará justiça, e estamos ansiosos pra tocá-las. Nós queremos muito tocar na Bonfest [Festival internacional em homenagem ao Bon]. Vai acontecer no dia 28 de abril em algum lugar na Escócia. Parceiro, vai ser do caralho, mal posso esperar. Estou empolgado de verdade.

Alguma dica das músicas que você vai tocar?
Eu vou revelar pra você uma das músicas do Bon que vamos tocar. Vamos dar uma olhada na lista – na minha idade eu tenho que escrever tudo, parceiro. A lista diz: “Shot Down In Flames“, então essa é uma. Nós vamos arrebentar, eu te prometo, parceiro.

Finalizando, você tem plano para um segundo álbum solo assim que a turnê acabar?
Sim, absolutamente. Eu vou continuar com minha carreira solo. Quero dizer, eu não sei quanto tempo isso vai durar… digo, estou com 360 anos de idade agora, então não sei até quando eu vou aguentar. Mas enquanto estivermos bem, sim, vamos continuar tocando. Nós temos planos para um segundo álbum se estivermos vivos sem sofrer um derrame ou coisa do tipo….

Você vai ser o engenheiro de som e produtor novamente?
Eu não acho que vou ser o engenheiro, mas eu vou produzir, eu acho. Eu gosto que seja do jeito que eu quero, sabe? Pode ser um saco, mas você tem o que você quer.

Eu vi que você tocou uma guitarra no clipe “Head Job”…
Sim, eu toquei. Eu escrevi várias músicas. Digo, eu toquei ao lado de Malcolm Young por quase 40 anos, parceiro, eu sei como uma guitarra deve soar, entende? Vem de dentro para fora.

Fonte: Eon Music