O baterista do AC/DC, Phil Rudd, concedeu uma entrevista para o canal TV3 da Nova Zelândia, onde conversou sobre sua vida e encrencas. Ele disse que está pronto – se a banda aceitá-lo – para retornar ao AC/DC assim que sua prisão domiciliar acabar.

Rudd está em prisão domiciliar após admitir as acusações por ameaça de morte (a um empregado) e por porte de drogas em sua casa. Ele convidou o jornalista Michael Morrah do programa 3D da TV3 para uma conversa.

“Eu nasci para dirigir”, diz ele. “Eu nasci para tocar bateria. Tudo o que eu amo fazer, eu faço bem feito.”

Há um ano, Rudd estava comemorando o lançamento de seu primeiro álbum solo – Head Job – em seu restaurante em Tauranga, Phil’s Place. Mas a festa saiu do controle e Rudd ficou irritado e nervoso.

“Sim, todos nós temos essas reações”, diz Rudd. “Eu estava sob muita pressão. Quando você está trabalhando [na produção e gravação] você acaba não percebendo o trabalhão que é. Eu cheguei [no restaurante] às 19:00 e todos ali estavam ‘putos’. Todos estavam putos e aflitos. Eu não gosto de gente que está puta. Quando você quer ouvir o meu álbum, não venha puto, entende?”

Phil Rudd

Phil Rudd na Corte de Tauranga em julho de 2015.

Rudd culpou um de seus empregados pelo caos, e com raiva, acabou ligando para ele e o ameaçou de morte. O advogado do baterista disse que foi apenas uma ligação “de uma pessoa com raiva”, um lapso momentâneo da razão.

“Eu estava esperando por uma ‘absolvição sem condenação’ para então pegar um avião e voltar ao trabalho”, disse Rudd.

Mas a Corte decidiu contra ele. Ele foi condenado a 8 meses de prisão domiciliar, o que significou o fim das esperanças de Rudd sair em turnê com o AC/DC.

Rudd dedicou a maior parte de sua vida sendo a base que sustenta a banda, e aos fãs, que sempre foram motivo maior de dedicação do baterista.

“Os fãs são tudo. É o motivo de chegarmos onde chegamos e tudo mais. Sem os fãs, nada disso existiria. Então, os fãs é a coisa mais importante e todos nós sabemos disso. Somos uma banda que em todas as noites se dedica ao máximo aos fãs, sem se importar se vamos sobreviver por mais algumas décadas. Mas quem sabe? Eu acho que nós vamos durar, sim. Eu acho que podemos durar mais do que os Rolling Stones.”

Mas no momento, Rudd não vai longe. Ele está apelando contra a sentença e as restrições para viajar. No entanto, para um futuro próximo, o mais perto que ele conseguirá chegar os seus companheiros do AC/DC é quando a banda estiver na Nova Zelândia em dezembro deste ano.

Phil diz que não tem certeza se a banda pedirá que ele volte. Mas ele diz que está determinado a voltar a tocar: “Nunca vou desistir.”

“Ele faz muita coisa nos bastidores para a comunidade local, e muitas pessoas não sabem disso”, diz Tracey Rudduck-Gudsell do Mauao Performing Arts Centre. “Ele é muito generoso; ele é um homem generoso.”

“Phil é um sujeito fantástico”, diz o amigo Trev Rodgers.

Phil Rudd e Trev Rodgers durante a entrevista para a TV3.

Phil Rudd e Trev Rodgers durante a entrevista para a TV3.

Rodgers conhece Rudd há duas décadas. O engenheiro e faixa preta em artes marciais se considera como um dos melhores amigos do baterista e disse que a imagem violenta de Rudd não pode ser considerada como um fato.

“Acho que isso é reflexo do temperamento irlandês”, diz Rodgers. “Até hoje eu nunca vi Rudd prejudicar alguém, nunca vendeu drogas pra ninguém, nunca matou ou assaltou. Recentemente ele se envolveu com algumas pessoas erradas; ele fez algumas escolhas erradas nos últimos meses, mas aquele não é o Phil que conhecemos.”

Rudd toca bateria desde sua adolescência e surpreendentemente é inspirado por alguns heróis bonzinhos.

“Eu gosto dos Beatles”, diz Rudd. “Eles eram um pouco schmaltzy, um pouco sentimentais, quase uns cagões – mas eu não me importo.”

“Gosto do jeito que Ringo toca… por causa do feel. O feel dos Beatles é o melhor.”

Mas há alguns aspectos obscuros na vida de Rudd. Hoje ele não tem orgulho deles e é um pouco relutante ao tocar nesses assuntos – por exemplo, o uso de drogas.

“Só usei aquilo que eu admiti ter usado, nada além disso. Eles não fizeram um teste de drogas em mim. Eu nunca fiz um teste de drogas.”

Ele também afirma que agora sabe se controlar. “Não tenho dúvidas. Estou tendo ajuda do Dr. Bird – um dos melhores psiquiatras do país… Eu cresci com uma certa insegurança, sabe? Eu sofro de ansiedade e muita insegurança, depressão e tudo mais.”

Rudd acredita que está superando essa fase. Você não precisa passar muito tempo com ele para notar o quão importante é pra ele tocar no AC/DC, e o quanto ele sente falta da vida com a banda.

“Tenho muito o que pensar agora. Eu amadureci, mas não fiquei velho. Há uma diferença nisso. Eu continuo querendo tocar bateria. Tenho muito combustível pra queimar e reconheço que estou começando a ficar ‘limpo’. Então eu só quero uma chance pra voltar a tocar com os rapazes. Essa baboseira de última turnê… sabe? Últimas turnê… o AC/DC nunca vai se aposentar, Angus nunca vai aposentar.”

Phil Rudd tocando bateria em sua casa.

Phil Rudd tocando bateria em sua casa.

Apesar das encrencas de Rudd, os seus companheiros de banda sempre deram valor ao seu estilo único de tocar. Mas no momento, o baterista Chris Slade substituiu Rudd na turnê mundial Rock or Bust.

“Slade! Ele é um bom baterista, cara. Chris Slade é um bom baterista mas eu não faço a menor ideia do que ele está fazendo lá. Acredite em mim, eu sei do que estou falando. Eu não tenho nada contra Chris. Simplesmente ele não está em um trabalho permanente. Eu espero. Só isso!”

“Eu voltarei [ao AC/DC]”, diz Rudd. “Nunca estive em tão boa forma; nunca me senti tão bem física e psicologicamente em toda a minha vida. E eu amo tocar. Eu me dei conta de quem eu sou e o que eu posso fazer. Eu só quero uma chance pra mostrar pra todo mundo quem é o cara.”

“Eu sou o cara.”

Fonte e vídeo: 3Newz.nz