O vocalista Brian Johnson tem motivos para odiar o cover inexplicável de You Shook Me All Night Long que Celine Dion fez – Brian escreveu uma fantástica canção e a diva a assassinou a sangue frio.

O remake foi eleito um dos piores covers de todos os tempos. E Brian lidera os que o odeiam. “Ouvi dizer que foi o irmão dela quem disse pra ela cantar nossa música. Ele provavelmente disse: ‘Você vai arrebentar em Las Vegas’, disse Brian Johnson sobre o cover feito por Celine. “Aposto que ele ainda procura pelo testículo que está faltando. Jesus! Ainda deve falar sobre as más decisões tomadas. Nunca envolva sua família na música. Oh, e Celine, por que seu rosto é comprido?”

Brian Johnson está em forma novamente, em seu posto, cantando pelo AC/DC, a banda que já vendeu meros 200 milhões de álbuns no mundo todo até a última contagem. O álbum Black Ice (com 6 milhões de cópias vendidas) mostrou que, mesmo no clima desleal da música atual os nove anos que a banda ficou fora das cenas só aumentou sua base de fãs.

O AC/DC ganhou neste ano o seu primeiro prêmio Grammy, o de Best Hard Rock Performance para a música War Machine, lado B de Rock n’ Roll Train.

O vocalista admite que se o Brian de 30 anos de idade pudesse ver o Brian de 62 anos no palco, ele seria o primeiro a importuná-lo. “Eu diria: ‘Que caralhos aquele velhote está fazendo lá em cima!?’ Brian ri. “A juventude é uma coisa maravilhosa, mas é desperdiçada pelos jovens. E é surpreendente como muitas das bandas antigas ainda estão por aí.”

Durante a longa pausa do AC/DC, Brian se dedicou a sua outra paixão: dirigir carros de corrida, rápidos. Quando recebeu o chamado dos irmãos Angus e Malcolm Young, dizendo que a banda se preparar para gravar o álbum de número quinze – Black Ice – Brian já se adiantava para a esgotante turnê mundial.

“Quando estávamos prestes a gravar o álbum, eu sinceramente me perguntei se conseguiria cantar. Não é só fazer novas canções, é ter que cantar as músicas da maneira que eu cantava há 30 anos atrás.” diz Brian. “E as pessoas esperam que você soe o mesmo. Elas não esperam uma versão adaptada barata , ou então eu pensando: ‘Eu vou enganá-los, vou arrumar alguns cantores de apoio e colocá-los atrás do palco’. E acredite, isso acontece muito. Orgulho, é isso que tenho. Não quero que eu, a banda ou os fãs fiquem tristes.”

No ano passado rumores sobre a aposentadoria de Brian vazaram na mídia após uma entrevista que ele fez com uma revista britânica – o cantor disse que o jornalista usou as perguntas para preparar um “sanduíche sensação”. “Por que eu iria quer me aposentar?” diz Brian. “Mas se a voz ou o corpo empacotarem, não haverá nada que eu poderei fazer. Vou continuar enquanto puder. Agradeço às velhas cordas vocais que ainda estão funcionando. Elas estão mais blues, isso acontece como o passar dos anos. Fico feliz por ainda poder cantar, mas acredite em mim, vou pular do navio na primeira vez que eu deixar alguém magoado.”

Brian trabalhou com seu treinador de Fórmula 1 para se preparar para as duas horas de show do AC/DC. “Ele me fez passar um apertado dos infernos,” diz Brian. “Ele disse que o que eu preciso é de resistência, e não de músculos. Músculos não são nada. Os músculos apenas fazem você parecer um idiota maluco. Resistência para agüentar duas horas – é isso que um piloto de Fórmula 1 precisa para correr um corrida. Você não pode perder a concentração, especialmente nos shows em estádios. Não somos como o U2, não subimos ao palco para conversar. Somos touros – caminho livre lá em cima. É assim que deve ser. Você tem que estar em forma para fazer isto. Tenho 62 anos e sei disso. Mas qual é a melhor maneira de ficar velho?”

Brian entrou para a banda em 1980 após a morte de Bon Scott no mesmo ano. Brian estava querendo esquecer o rock quando conheceu os irmãos Young, e estava cantando para um comercial dos aspiradores Hoover.

“Minha banda, Geordie, tinha alguns hits, mas saí com menos dinheiro do que quando eu havia entrado. Jurei que nunca mais seria abocanhado pelo mal do rock and roll novamente.” diz Brian. “Mas eu tinha 32 anos quando conheci Mal e Angus. Pensei: ‘O que pode acontecer de errado se eu cantar algumas músicas com eles?’. Quando cantei, senti arrepios que nunca havia sentido antes. Esses caras me arrepiaram – me deixaram atordoado. Então achei que poderia tentar novamente. Estou satisfeito que consegui.”

O primeiro álbum de Brian com a banda, Back in Black, vendeu mais de 50 milhões de cópias incluindo a notável venda de 22 milhões de cópias só nos EUA, e continua sendo um dos álbuns mais vendidos em todo o mundo. Ainda assim Brian está consciente de sua posição na história do AC/DC, especialmente na Austrália.

“Neste ano faz 30 anos que entrei e ainda sou um garotão!”, ele ri, se referindo ao Bon. “Deus o abençoe, vai fazer 30 anos que ele morreu quando a gente for tocar na Austrália.”

Durante o tempo de inatividade do AC/DC, Brian se tornou um escritor. Em seu livro, Rockers e Rollers ele conta algumas histórias de sua vida através de vários carros que teve e dirigiu.

Alguém te propôs diretamente uma biografia de rock n’ roll?

“Ninguém me propôs nada, porra.” Brian ri, “Estávamos gravando o álbum Black Ice. Fiquei entediado pra caramba. Outro álbum de estúdio… Minha memória é um lixo. Um lixo. Eu conversava com as pessoas na mesa de jantar e elas perguntavam: ‘Você se lembra daquela vez, com aquela garota na França em 1984?’, e eu respondia: ‘Não sei do que você está falando’, e eles diziam: ‘Você tinha um jipe alugado…’ e eu falava: ‘Ah, ela!’. Minha memória é uma merda, mas quando penso nos automóveis, de repente, começo a me lembrar das coisas. Então escrevi o livro inteiro em pequenos pedaços de papel.”

Um amigo, o ator Jimmy Nail, escaneou os papeis que Brian havia escrito e os enviou para uma editora. E assim um acordo para um livro foi negociado. “É uma coisa bacana. Estou impressionado que foi publicado. É um livro que você pode levá-lo ao banheiro para ler alguns capítulos, guardá-lo e lê-lo outra vez”.

Capa Livro AC/DC - Brian Johnson Rockers and Rollers

Capa Livro AC/DC – Brian Johnson Rockers and Rollers

A única coisa que deixou Brian irritado foi quando o informaram sobre uma petição de alguns fanáticos pelo AC/DC que estavam irritados com a banda por tocarem o mesmo setlist todas as noites na turnê Black Ice – e isso era “problema” para alguns fãs que viajam o mundo para ver os shows. A carta dos fanáticos dirigida à banda dizia que o setlist era para os fãs casuais. “Eles têm que aproveitar os concertos, pra poderem ir para a casa felizes… mas eles aparecem apenas para ouvir Thunderstruck. Eles não comem, dormem e cagam AC/DC como nós.”

“Quando você conta todos os caras de iluminação, ajudantes e técnicos – há 85 sujeitos que precisam trabalhar se você mudar uma música. Por mim tudo bem, bonito ir e: ‘Vamos tocar What’s Next To The Moon hoje’, e assim os rapazes da iluminação se ferram. Infelizmente as coisas precisam ser assim. É difícil.”

O cantor lembra que um fã na Alemanha foi até o Hotel que estavam para discutir sobre o setlist. “As pessoas aparecem algumas vezes pra ver os shows e do nada elas se tornam seu patrão. Claro que é difícil. Eu gostaria de poder aguentar por quatro horas, faço o máximo que posso, mas continuo ouvindo reclamações.” diz Brian.

A banda alterou o setlist quando chegaram para a turnê na Nova Zelândia na semana passada, substituindo Dog Eat Dog por High Voltage de 1975. “O público australiano ganhou a sua primeira banda. As músicas que os rapazes fizeram antes de mim, são as favoritas do público por aqui. Então vamos ver o que acontece.” diz ele. “Ainda tocamos algumas das canções antigas, como The Jack e Shot Down In Flames. Não somos estúpidos. Sabemos que os fãs gostam das músicas antigas como T.N.T., que continua pesada. Mas rapaz, o que me tira do sério é quando as pessoas criam essas petições. Não somos um partido político, somos apenas uma banda de rock n” roll à procura de um pouco de diversão”.

Brian Johnson diz que eles já conversaram sobre um sucessor de Black Ice que deve ser lançando enquanto Brian ainda estiver na casa dos 60 (anos). “Mal e Ang sempre aparecem com novas ideias, eles sempre aparecem algo novo. É por isso que nunca houve um “greatest hits”. Isso já foi pedido muitas vezes, mas eles abanam a cabeça e ‘Não, tenho alguns riffs novos, vamos pro estúdio’,” diz Brian. “Para eles é como voltar no tempo. É assim que foram criados. Os Youngs não pegam o caminho mais fácil. Eles colocaram isto na banda.”

“É difícil se livrar de nós. O AC/DC se parece com as baratas, nada pode nos matar.”

Fonte: News.co.au (publicada originalmente em 04 de fevereiro de 2010)