O baterista Phil Rudd está atualmente em turnê pela Europa promovendo seu primeiro álbum solo, “Head Job“, em pequenas casas com sua nova banda, Phil Rudd Band.

O site Skiddle fez uma entrevista exclusiva como baterista. Conversaram sobre a carreira de Phil, AC/DC, irmãos Young, Bon ScottMark Evans, Black Sabbth e Kiss

Polêmico como sempre, não mediu as palavras para falar das impressões das turnês com as grandes bandas no começo de carreira.

Você nasceu na Austrália com pais Lituanos…
Não, na verdade meu padrasto era Lituano. Eu nasci na Austrália com origens alemã e irlandesa.

Quais bateristas te inspiraram?
Ringo [Star], claro. Todos os grandes bateristas ingleses: Simon Kirke (Free, Bad Company), Ginger Baker (Cream), Ian Paice (Deep Purple). Todos eles foram meus heróis da adolescência. Ringo provavelmente o maior.

Você escuta música quanto está dirigindo? O que você escuta?
Na verdade não escuto. Costumo escutar o motor da maioria dos meus carros, eu ando muito rápido. Eu desligo o rádio, mas eu perdi minha carteira de motorista, então no momento estou apenas caminhando.

Você chegou a trabalhar com bons produtores, o que você aprendeu com eles e qual estilo você acha que mais influenciou no som da bateria do álbum Head Job?
Eu não sei. Quando estamos em estúdio, eu tive o controle total do álbum Head Job. Eu produzi a maior parte dele. Então, eu só coloquei o som que eu gosto… o que eu achei que era melhor para o projeto. Eu acho que deu muito certo, estamos muito contentes com o álbum e temos banda muito boa também.

Phil Rudd Band.

Phil Rudd Band.

Quando você foi pela primeira vez para Londres com o AC/DC em 1976, a tendência musical da época era o punk. Os jornais estavam focados nisso. A cena era diferente em seu país de origem, Austrália?
Bom, nós não éramos punks, nós éramos um bando de anões encrenqueiros, sabe? O [punk] nos caiu muito bem. Nós tínhamos uma visão de todo mundo como “bucha de canhão” e nós acabamos fazendo o que fizemos. E deu muito certo pra nós.

Como foi a turnê Europeia de 1977 com o Black Sabbath?
Ah, foi horrível. O [sistema de ]P.A. deles era medonho. Mas você começa como pode. Acabamos essa turnê e fomos para outra com o Kiss nos EUA. Não fomos lá como banda de apoio, fomos para pegar o público deles.

O baterista e o baixista possuem uma relação musical muito próxima em uma banda, eles se completam na seção de ritmo. O que você achou da saída de Mark Evans em 1977?
Nós não sabíamos que iria para a forca, se era eu ou ele. Os Youngs já tinham muita experiência na música através do irmão, George, que esteve no The Easybeats. Eles já sabiam onde eles queriam chegar. Nós estávamos se ansiosos, torcendo pra que éramos o que eles queriam. Mark não era um baixista profissional.

A experiência ao tocar foi muito diferente quando Cliff Williams assumiu o lugar dele?
Foi completamente diferente quando Cliff entrou para a banda. Ele era um profissional. Você disse que o baixo e a bateria são a seção de ritmo, mas você esqueceu da guitarra rítmica. Essa é provavelmente a peça mais importante da seção de ritmo do AC/DC: o baterista e o guitarrista rítmico. É assim que eu vejo.

Muitos fãs são bastante jovens para conhecer a era do AC/DC quando Bon Scott era o vocalista. Como ele era e como era sair em turnê com ele?
Ah, era maravilhoso. Ele era uma figura, velho Bon. Eu me recordo de uma vez que ele ficou trancado pelo lado de fora do Hammersmith Odeon tentando entrar. Nós estávamos esperando por ele. Alguém tirou uma foto dele, ele estava do lado de fora, não conseguia entrar. Ele era um cara maravilhoso, um artista, um poeta, um roqueiro. Ele era verdadeiro, sabe?

No final dos anos 70 você tocou nas primeiras turnês em estádios nos EUA, tocando com bandas como Aerosmith, Kiss, Styx, UFO, Blue Oyster Cult and Cheap Trick. Qual banda tinha o público mais difícil de se conquistar?
Provavelmente o público do Kiss pois eram muito jovens. Eles iam para os shows levados pelos país e mães, segurando as mãos, e iam embora quando nós entrávamos. “Você não vai assistir isso, filho”.

Havia grandes bandas para tocar como apoio. Nós tivemos nossas músicas sendo muito solicitadas nas rádios e aí começamos a participar de bons shows. Nós tínhamos muita experiência com apresentações nessa época, então deu tudo certo.

Quais bandas que você tocou como apoio e mais gostou?
Provavelmente Aerosmith. Eles eram os mais reais. Kiss era como uma banda de cartoon. Não publique isso. Quer saber, você pode publicar o que quiser, eu não me importo mais. Kiss são o que eles sempre foram – um fracasso do caralho. No entanto, não nos importávamos com as outras bandas. Como eu disse, estávamos ali para roubar o público deles.

Você saiu da banda pela primeira vez em 1983. O que você fez durante o período que ficou fora do AC/DC?
Eu fui um pouco de fazendeiro, construí um estúdio, eu estava trabalhando em algumas músicas e algumas delas viraram o álbum Head Job. Eu estava só procurando o que fazer e tive sorte em encontrar Allan e Geoffrey [dois outros músicos que gravaram o álbum e estão na turnê com Phil], pois eles são fantásticos no que fazem. A banda está tocando muito bem. Eu não diria que é parecido com o AC/DC, mas eu diria que nós conseguimos tocar um bom e honesto show.

Você mantém contato com algum dos membros do AC/DC quando você esteve fora? Quem te chamou em 1994 e te convidou para a jam que trouxe você de volta?
Não, não mantive contato. Um dia eu recebi uma ligação do Malcolm perguntando se eu queria fazer uma jam, e foi isso. Nós não erámos muito comunicativos, sabe?

Em 2009, o AC/DC foi apareceu no topo da lista australiana da Business Review em entretenimento com o faturamento de 105 milhões de dólares, quebrando a sequência de 4 anos dos The Wiggles no topo. Que caralhos são os The Wiggles?
Hahha, você conhece! The Wiggles! Nós nunca pensamos em ter os The Wiggles como concorrente. O Playstation é um dos nossos grandes concorrentes agora. Sempre há concorrência, só mudou de onde vem.

Todas as músicas da banda desde 1990 foram exclusivamente escritas por Angus e Malcolm, dando a impressão que o AC/DC era uma banda dos irmãos Young. Era isso mesmo ou era uma banda mais distribuída?
Eu diria que sempre foi a banda dos irmãos Young, sim. Com certeza. Era assim que era, e foi assim que cresceu. Não havia nada a ser feito em relação a isso. Eu curti minha independência, mas eu sinto falta de tocar com os rapazes, especialmente Malcolm e Angus. Nós damos o nosso melhor, tenho certeza. Eu não sei porque é assim.

De todos os membros do AC/DC, qual deles você gostaria de trabalhar de novo? Você vai fazer contato com eles?
Bom, há um: Angus! Eu sempre gostei do álbum Rock or Bust. É um álbum maravilhoso e eu acho que toquei muito bem nele. Brian canta muito bem também. Angus fez um excelente trabalho no disco, ele realmente sabe o que está fazendo. Ele sabe exatamente como ele quer fazer.

É provável? Não sei. Eu acho que ele [Angus] está na Austrália no momento e eu estou aqui [Europa]. Quando eu voltar lá, vou ver o que está rolando. As pessoas ficam me perguntando o que Angus está fazendo… E eu fico pensando: “Porra, como é que eu vou saber o que Angus está fazendo?”

Você é o primeiro à ouvir. Eu continuo tocando. Tenho certeza que há alguma coisa rolando, sabe?

Fonte: Skiddle