Nunca antes na história do AC/DC a banda deu tantas entrevistas… nós reunimos os trechos mais interessantes das melhores conversas das últimas semanas com os integrantes da banda.

Acompanhe. 

Brian sobre iPhones: “A porra dessas pessoas com iPhone pedindo pra tirar fotos… Eu entendo isso, mas é um pé no saco essa nova moda da mídia social. Agora qualquer desgraçado vem com essas coisas e eu acho muito complicado de lidar com isso.”

Angus sobre Malcolm: “Ele não estava bem desde quando fomos gravar o álbum ‘Black Ice’: os sintomas da demência começaram a aparecer, e naquela época ele conseguiu superá-los. Eu disse a ele, antes mesmo de gravarmos o álbum: ‘Você tem certeza que quer fazer isso? Eu tenho que saber se você realmente quer seguir com os planos.’ E ele respondeu: ‘Sim! Nós realmente temos que coloca-los em prática.’ Foi ele quem sugeriu o produtor, ele disse: ‘Vamos ver se conseguimos trazer o Brendan O’Brien pra fazer o álbum.’ Foi sugestão dele.”

Foto promocional do AC/DC. 2014.

Foto promocional do AC/DC. 2014.

“Naquela época eu pensava que aquele não era o Malcolm. Ele dizia algumas vezes: ‘Estou tendo dias bons e dias ruins’. Depois, quando ele foi diagnosticado – ele teve uma atrofia cerebral, e ele foi diagnosticado nos EUA, onde deram um medicamento para ajudá-lo. Fui até ele e perguntei: ‘Você vai estar em forma para os planos da banda [álbum e turnê]? Porque a turnê vai ser pesada.’ E ele disse: ‘Vamos conseguir. Nós vamos fazer isso.’

Foi assim que ele levou as coisas. Foi um trabalho difícil pra ele. Ele teve que reaprender muitas das músicas que ele conhecia de trás para a frente; as músicas que tocávamos numa noite ele tinha que ficar reaprendendo. Ele estava lá por conta própria. Ele tinha aquela coisa de ‘você tem que continuar tocando até não conseguir mais’.”

“E de vez em quando tínhamos um dia maravilhoso com ele… era o Malcolm ali de novo. E em outros dias, a memória dele parecia ir embora. Mas ele aguentava firme. Ele continuava subindo ao palco. Em algumas noites ele tocava, e eu pensava: ‘Será que ele sabe onde ele está?’ Mas ele conseguiu superar as dificuldades.”

Brian: “Só Deus sabe o que passava na cabeça dele durante as noites em que ele não estava tão bem. Ele subia no palco e … ‘Caralho!’. Você consegue imaginar como é não ter certeza do que está acontecendo? De não saber onde você está… e a sua mente pregando truques. Ele foi fantástico, conseguiu se superar. Mas você não podia falar ou fazer nada, porque seria algo como ter pena dele. Você tinha que tratar ele do mesmo jeito. E nós fizemos isso.”

Angus: “De vez em quando ele é o Malcolm que eu conheço. Ele sai todos os dias para uma caminhada e um xicara de café. Mas está tudo muito diferente daquilo que ele sempre foi.”

Angus sobre as primeiras gravações com George Young [seu irmão mais velho]: “Ele disse: ‘Eu poderia sentar aqui [na sala de controle], colocar alguns efeitos, colocar um pouco equalização, e fazer com que o seu som saia redondo. Mas eu estarei engando você. O melhor jeito é você se acostumar a ouvir o som cru. Se o som da guitarra soar um pouco irregular, tente primeiro fazer alguns ajustes nela e encontrar o melhor lugar na sala. Se for alguma coisa com o a caixa de som, então tente de outra caixa de som. Tente com um microfone diferente, e em diferentes posições pra ele. Encontre o melhor som antes de você começar a fazer os ajustes na mesa e usar as engenhocas.”

Brian sobre conseguir continuar: “Você nunca sabe se você conseguirá continuar ou não. Tipo Angus, quando ele sobe no palco, ele sabe que terá essa coisa pra fazer – tipo o começo de ‘Thunderstruck’. Fazer isso é foda pra caramba! Angus me disse uma vez: ‘Se eu não tocar aquela abertura uma ou duas vezes no dia, no meu quarto antes de eu ir pro show, eu não vou conseguir tocar aquilo.’ Esse é um daqueles momentos em que você se pergunta: será que ainda consigo fazer isso?”

Fonte: Trechos do The Guardian, Reino Unido. No dia 27 de novembro.

Brian sobre a turnê de 2015: “Estamos planejando uma turnê para o ano que vem, mas nós não conhecemos os caras que estão em seus escritórios garantindo as datas… e no ano que vem, eu acho que pela primeira vez, por favor, não estou garantindo nada, mas eu acho que vamos começar na Europa. Depois vamos curtir o verão, fazer alguns festivais, tocar em estádios. Normalmente nós começamos nos EUA. E cheguei a ouvir que podemos começar na Europa. Mas de novo, não dê ouvidos pra mim, estou na banda, e somos os últimos a ficar sabendo!”

Angus: “Mas nós ainda não sabemos exatamente quando a turnê vai começar ou onde vamos tocar.”

Angus: “Essa será a nossa última turnê? Não, nós vamos continuar tocando até não conseguirmos mais…”

O radialista El Pirata com o AC/DC. Nov. 2014.

O radialista El Pirata com o AC/DC. Nov. 2014.

Fonte: Trechos da entrevista com a rádio Rock FM, da ABC Espanha. Foi ao ar no dia 24 de novembro de 2014.

Cliff sobre Phil: “Ele apareceu para a gravação [do ‘Rock or Bust’], mas ele estava atrasado. Ele mesmo se meteu em confusão, e ele mesmo terá que sair dela. Ele não foi para a gravação dos clipes que filmamos, então o nosso amigo Bob Richards apareceu em seu lugar. Mas nós queremos continuar. Phil precisa endireitar. E isso vai levar algum tempo.”

Angus: “Eu acho que no período em que tivemos uma folga, ele simplesmente se perdeu. E isso é triste pra nós… vê-lo em encrenca. Ele tocou no novo álbum e tocou muito bem. Ele é um baterista muito talentoso, e ele sempre nos ajudou muito. Está sendo difícil ver ele nessas condições. Não vemos ele desde a gravação… mas ele não é mais o cara que conhecíamos. Ele está diferente. Até mesmo fisicamente ele não está legal – o que é triste, mas, como Cliff disse, está sendo difícil pra continuarmos… isso vem acontecendo antes mesmo dessas encrencas em que ele se meteu. Foi um choque. Bob foi chamado nos últimos minutos para a gravação dos clipes. Ele só gravou os vídeos conosco. Mas para a turnê e outras coisas, nós teremos que decidir. Estamos trabalhando nisso.”

Angus sobre a gravação sem Malcolm: “Nós sentimos a falta de Malcolm desde o começo, especialmente quando tivemos decisões difíceis pra fazer. Mas estou feliz que ele tenha escutado o álbum. Um de meus sobrinhos na Austrália colocou o disco pra ele ouvir. E ele amou o álbum. Meu sobrinho disse que o Malcolm estava muito feliz e com um grande sorriso no rosto. E aquilo foi muito emocionante de se saber.”

Angus sobre o álbum “Rock or Bust”: “Brendan não quis usar nenhum filtro. ‘Rock the Blues Away’ é uma música que lembra a infância na Austrália. Eu amava estar na praia , e aquela música foi inspiração da época em que estávamos na praia escutando rock n’ roll no rádio. Da mesma forma acontece com ‘Hard Times’, que me leva à época de quando éramos jovens e vivíamos sem grana durante as turnês. É uma boa música antiga, nada a ver com uma reflexão dos dias atuais.”

Fonte: Trechos do The Sun, Reino Unido do dia 27 de novembro de 2014.

Angus: “Eu gostaria que todo mundo voltasse a comprar os vinis de novo, eles são os meus favoritos. Eles deveriam criar os vinis na versão portátil – iVinil!”

Sobre vender músicas no Spotify: “Eu acho… se essa empresa está prestando um serviço legal… com certeza vamos adotar a ideia.”

Fonte: Trechos do jornal Associated Press do dia 27 de novembro de 2014.

Angus sobre não ser um fã das redes sociais: “Logo que eu digito algo como, vamos dizer, ‘F-A-C-E’, a coisa me leva pra um site tipo ‘Facelift’ (ao invés de Facebook)”, diz Angus. “É rápido assim. Mas eu não quero um perfil. Algum dia eu vou aderir ao Facebook.”

Sobre o público filmar tudo com seus iPhones:

“Depende, se você voltar um pouco, vamos dizer, quando começamos… era uma época mais excitante na minha opinião. Hoje em dia você tem de tudo. Como você mencionou… você participa de uma rede social, tem uma TV por assinatura, mas naquela época, isso tudo era muito restrito e pequeno. Quero dizer, quando viemos para os EUA, nós conversávamos com talvez duas ou três revistas. Você tinha que cair na estrada para as pessoas te conhecer e assim conquistar o seu público.”

“Tenho que certeza que daqui a 40 anos, essa geração que fica usando a câmera vai estar dizendo: ‘Lembra daquele bom e velho tempo em que estávamos segurando os celulares naquele show de rock do AC/DC?’ Eu acho que essas serão as lembranças dessas pessoas… o momento delas. Provavelmente elas vão olhar para o vídeo e vão se lembrar com prazer daquilo.”
“Isso é melhor do que eu tenho. Eu tento encontrar fotos de quando eu era jovem, elas são poucas e velhas. Às vezes fico perplexo quando as pessoas me mostram algumas das coisas que eu fiz. ‘Jesus, esse aí sou eu? ’.”

Fonte: Trechos da entrevista para o The Toronto Sun no dia 27 de novembro de 2014.

Angus: “A banda continua sendo mesmo jeito desde o começo; sempre tivemos aquela coisa de fazer o melhor. Tudo o que sempre fizemos, sempre foi pra valer. Até mesmo quando éramos jovens, tocando num bar, clube ou coisas do tipo, nós sempre tivemos aquela atitude de ‘temos que fazer isso’, ‘temos que conquistar essas pessoas’, ‘nós não vamos desistimos’. E o próprio Mal, quando ele viu que era momento de parar, ele disse: ‘Vocês conseguem fazer isso. Vocês têm que continuar’. A banda sempre foi bebê dele desde o começo. Ela foi idealizada por ele. E ele queria que ela continuasse”.

Sobre Stevie Young: “Ele esteve conosco nos anos 80 quando Malcolm teve um problema com bebida”, diz Angus. “Ele é da mesma época em que eu e Malcolm somos; há só uma pequena diferença de idade, mas nós crescemos juntos e Stevie sempre emulou o mesmo estilo de tocar ritmo de Malcolm. Os dois eram sincronizados e parecidos, então não foi muito difícil pra ele vir tocar conosco. Ele simplesmente se inteirou do que estávamos fazendo, e estava pronto.”

Fonte: Trechos do The Oakland Press do dia 27 de novembro de 2014.

Mike Fraser (engenheiro de som da banda de longa data), sobre Malcolm ser substituído por Stevie Young, e se o som da banda mudou.

“Bom, na verdade o som da banda não teve nenhuma mudança. Sabe, Malcolm é um cara insubstituível. Mas Stevie entrou e tocou muito bem. Eu acho que ele foi a melhor escolha que poderia substituir o Mal. Ele toca muito parecido com o Mal – ele bate pesado nas cordas da guitarra. Então nós simplesmente tentamos, com as lembranças de Mal na cabeça, fazer com que as partes de Stevie não ficassem muito diferentes no disco, sabe?”

Sobre se poderia apontar algumas diferenças entre o som de Stevie e Malcolm.

“Ah, sim e não. Quando se está gravando, você meio que pensa: ‘Bem, eu me pergunto o que Malcolm teria feito’, e tudo mais. Mas nós tivemos a sorte de engavetar isso, e tipo, simplesmente fizemos algo similar com as guitarras… pois essa coisa da guitarra é a maior parte do som deles – aquela jogada diferente com as guitarras, o estilo de Angus em um lado e do Malcolm de outro. E de novo, Stevie fez um trabalho fenomenal.”

AC/DC com o jornalista Michael Hann do The Guardian. 2014.

AC/DC com o jornalista Michael Hann do The Guardian. 2014.

Fonte: Trechos do Vancouver Straight, Canadá, no dia 27 de novembro de 2014.

Angus sobre a contribuição de Brendan O’Brien: “O que ele disse foi: ‘Eu sou um fã do AC/DC. E eu tenho comigo dois bons ouvidos.’ Ele escuta o som e pensa: ‘Um fã do AC/DC vai querer escutar isso?’. ‘Eu gostaria que o AC/DC fizesse uma música como essa?’. Ele foi muito bom em fazer as escolhas do tipo ‘isso é legal e isso não’, e isso é bom pra nós. Ele contou que chegou pra esposa dele e disse: ‘Eu faço uma sugestão para eles, e Angus diz: ‘Vamos tentar’. Isso é como se eles estivessem dando uma corda pra você se enforcar’.”

“Nós tivemos bastante sorte. Os fãs hardcores continuam conosco porque eles dizem, ‘Ei, esses caras não nos desapontam’. E nós continuamos com o mesmo estilo. Com o passar dos anos, os críticos têm dito: ‘Eles nunca mudam. Às vezes o baixinho usa uma nova cor de uniforme escolar”. E eu sempre pensei: “Bom, vamos mudar para qual estilo?” Uma banda de jazz? Uma banda com tecladistas?”

Angus sobre o AC/DC tocar em estádios e arenas esportivas: “Isso deixa os fãs um pouco mais ansiosos, não? Temos tido sorte com isso. Assim sabemos que estamos conquistando o público. Muitas das músicas que ainda tocamos não chegaram nem no top 40. Então eu acho extraordinário que essas músicas continuam por aí, como “Back in Black”, “Thunderstruck”, e algumas outras”.

Sobre o quanto tempo resta à banda: “Bem, vamos continuar até não dar mais. Se estivermos bem e seguros para continuar, então vamos seguir essa ideia. Isso acontece com todo mundo. Você tem que amar o que você faz. Você tem que gostar do que está fazendo, porque isso é a maior parte da sua vida. Tocar é maravilhoso. Viajar [turnê] é difícil. É uma coisa bastante complicada. Aquela coisa do Star Trek: ‘Beam me up!’ (ref: ‘Me teletransporte, Scotty’) – isso ainda não está disponível!”

Fonte: Trechos da entrevista para o Entertainment Weekly, EUA, no dia 27 de novembro de 2014.

Sobre o motivo de estarem fazendo mais um álbum

Angus: “Bem, basicamente, nós tínhamos um contrato para cumprir! (risos) Então tivemos que cumpri-lo… mas somos uma banda de sorte nesses 40 anos… nós sobrevivemos a alguns contratos de gravadora, isso é bastante incomum… mas se você tem algumas músicas, e você acha que essas músicas vão ficar legais, e você se sente pronto… então você se reúne com tudo mundo e pergunta como eles estão, se eles querem seguir em frente, entende?”

Brian Johnson durante a entrevista na Absolute Radio. 2014.

Brian Johnson durante a entrevista na Absolute Radio. 2014.

Fonte: Trechos da entrevista para a Absolute Radio, EUA, no dia 27 de novembro de 2014.

Angus sobre o AC/DC ser bastante requisitado pela mídia mainstream: “Hoje é algo necessário, você tem que fazer o trabalho. Nós não somos bons de papo, mas temos consciência de que tivemos poucas pessoas da mídia nos apoiando quando começamos, exceto a imprensa de música. Isso evoluiu muito ao ponto de ser gigante agora. Eu não diria que é uma realização ou coisa do tipo, mas nós ganhamos boas notas, assim como na escola!”.

Sobre a próxima turnê:

Cliff: “No momento nós realmente não sabemos o que vai acontecer. Não sabemos quando ou onde vamos tocar”.

Angus: “Se pudéssemos , confie em mim, nós tocaríamos em qualquer lugar, assim como os músicos de rua! Mas se eu tiver que começar a me preocupar com as datas, locais, eu vou acabar ficando louco. Quando as pessoas começam a conversar com você sobre dinheiro, equipamentos, tamanho do palco, capacidade do local… nós gostaríamos de encontrar um botão pra desligá-los! Nosso trabalho é tocar música, e nós temos uma equipe que está encarregada em programar as datas da turnê.”

Angus sobre sua apresentação no palco: “Sim, eu me movimento muito. Amo isso. Mas a minha prioridade de verdade é tocar bem. Malcolm disse pra mim há muito tempo, que antes de tudo, é tentar tocar bem, o que vier depois será um bônus. Quando eu subo no palco, a primeira coisa que eu tento fazer é tocar bem a música, fico concentrado nisso. O show vem logo depois disso.

Sobre por quanto tempo a banda quer continuar tocando:

Cliff: “Isso não é algo que nós estamos pensando. Esperamos poder continuar tocando até quando não der mais. Nós não sabemos”.

Angus: “Basicamente, eu acho que quando você começa a não curtir, você naturalmente para. No momento, nossa música continua nos guiando, e isso é o mais importante”.

Fonte: Trechos traduzidos da Quest France, França, do dia 25 de novembro de 2014.

Angus sobre a composição da música “High Voltage” de 1975: “Eu me lembro de quando eu tive a ideia (dos acordes A-C-D-C), nós estávamos num caminhão a caminho para Wyalla no sul da Austrália, eu estava pensando em ideias para as músicas, aí eu estava cantando aquela parte ‘High voltage rock n’ roll’… eu acho que foi Phil que me disse na época: ‘Isso é um pouco enfeitado, não é?’, e eu disse: ‘Bem, pode ser um pouco enfeitado, mas isso poderá fazer parte da nossa próxima música!’.”

Fonte: Trechos da entrevista com The Grill Team, da Triple M, Austrália, no dia 24 de novembro de 2014.

Brian sobre Malcolm: “Ele foi o cara que criou a banda, era ele que comandava o AC/DC. Ele foi o nosso líder espiritual. Ele era o cara que segurava o fogo. Você espera que ele vá ficar melhor. Torce pra alguém criar uma pílula que possa curá-lo. Eu não sei… você fica pensando que vai acontecer algum milagre, e então quando você acorda e se dá conta que isso não aconteceu… e isso machuca”.

Fonte: Entrevista pra o Chattanooga Channel 9, no dia 21 de novembro de 2014.

Fonte principal: AC-DC.net