Cliff Williams entrou para o AC/DC em 1977 substituindo o então baixista Mark Evans. Seu primeiro álbum de estúdio com a banda foi gravado em 1978, Powerage, que conquistou instantaneamente a confiança dos fãs e membros do AC/DC.

Cliff, junto com Angus Young, foram os únicos que não deixaram a banda durante 34 anos.

O vocalista Brian Johnson, que entrou para o AC/DC em 1980, se tornou um grande amigo de Cliff dentro e fora dos palcos. Essa relação resultou em boas histórias. Brian descreveu uma delas em sua autobiografia. 

Rockers and Rollers: Cliff Williams

Em meados dos anos 80, Cliff me visitou em Newcastle [Inglaterra]. Tivemos uma folga antes de tocar no Glasgow Apollo. Perto da minha casa havia uma concessionária de carros usados de luxo, quando passamos em frente Cliff gritou, “Ei Jonna [Brian]! Olha aquilo, cara!”. Olhei pela janela e era um Aston Martin DB5, azul escuro, uma capota larga linda, parecendo aquela “coisinha da mulher”. Vermelho por dentro e tudo mais. Era maravilhoso.

Cliff Williams - História com Brian

Cliff Williams – História com Brian

– “Eu tenho que ter um desses!”, disse ele.
– “Mas Cliff”, eu disse, “você mora no Havaí!”
– “Eu moro!?”, respondeu.

Ahh já era. O carro havia conquistado seu coração, e também seu cérebro. Ele sequer perguntou quanto era e já estaja com o cheque pronto. Esse carro pode fazer isso com você. O vendedor lhe disse: “Bem senhor, ainda não fizemos um check-up completo, mas eu o dirigi até o trabalho na manhã de hoje, e ele andou muito bem.”

Ahh não, aquele vendedor mentia na cara dura. E Cliff estava com aquele olhar… como se alguém estivesse fazendo sexo oral nele. “Acorda parceiro! Volte! Não vá para a luz!”. Tentei amarrar uma corda na cintura dele, mas era tarde demais. O vendedor tinha aberto a porta do condutor e Cliff estava no banco do motorista, mas seu cérebro não estava. E com isso seu dinheiro estava indo embora.

– “Cliff”, eu disse, “temos que estar em Glasgow em duas horas, parceiro.”
– “Ah, tenho certeza que podemos agilizar a compra”.

Eu não sabia que o vendedor era tão experiente.

– “Sim, sim!”, disse Cliff.

A saliva que caia de sua boca parecia uma máquina de lavar transbordando. Ele parou lentamente com um olhar pensativo, parecia que alguma coisa o incomodava. “Eu vou dirigir até Glasgow”.

– “O quê?!” eu falei. “O carro nem foi inspecionado!”.

Assim que entramos no carro, um pouco inseguro, um pouco tributado e um pouco inspecionado, percebi que seria muito inteligente ter deixado o carro onde estava. Mas Cliff amou o carro. Pois tinha o cheiro parecido com o escritório de Sherlock Holmes, todo amadeirado, encerado e tudo mais.

Estávamos a caminho de Glasgow.

– “Ei, Jonna, esse carro é barulhento”, Ciff disse.
– “Engate a segunda, companheiro”. Estávamos andando a 60 em primeira marcha.
– “Oh merda, estou tão acostumado com automáticos nos Estados Unidos”.
– “Terceira e quarta também iria bem”.

Sua técnica de condução resultou em consequências desastrosas mais tarde naquele dia. Meia hora depois, Cliff disse:

– “Ei, Jonna está chovendo, cara! Onde aciona o limpador?”
– “Acho que é no painel, escrito: ‘limpadores’ “.
– “Ah é!”.

Ele apertou e nada. Mais algumas tentativas e definitivamente não funcionava. Essa era uma parte do carro que não foi verificada. A chuva começava a piorar e não conseguíamos ver mais nada. Nós encostamos, e me lembrei de um velho truque. Tiramos os nossos cadarços de tênis e os amarramos nos suportes dos limpadores, e pelas duas janelas, Cliff puxava de um lado e eu puxava de outro. Era arcaico mas funcionava, andando a 30 por hora.

– “Por** está funcionando, Jonna! Estamos conseguindo!”.
– “Você peidou?” Perguntei ao Cliff.
– “Não agora”, ele respondeu.
– “Então alguém peidou. A não ser que estejamos passando por algum desses lugares de tratamento de esgoto.”
– “E aquela fumaça, Jonna?”
– “Ah merda, Cliff! Esse vapor está vindo do capô, cara! Pare na primeira garagem que você ver!”.

Estávamos na estrada A69 indo em direção à M6, onde garagens são mais raras de se encontrar do que merda de cavalo banhada a ouro. Assim que saímos da estrada, paramos na garagem de uma pequena vila. Quando abrimos o capô subiu uma nuvem de fumaça. O mecânico levantou a cabeça para fora e disse, “É filho, um cilindro do motor se foi”.

Ah não, outra merda que não foi completamente verificada. Nós rapidamente ligamos para o nosso Gerente de Turnê contando o que havia acontecido, e ele rapidamente disse sobre o quão idiotas nós éramos. Chamamos um táxi. O motorista era um homem muito alegre, foi dirigindo à 80 até Gasgow. Assim que chegamos, ele contou, “Sabe rapazes, nunca fui para nenhum país do exterior”.

A garagem a qual deixamos o Aston Martin o rebocou até o vendedor em Newcastle. Cliff ficou muito bravo. “Que pedaço de merda, Jonna! Eu não posso acreditar que fiz isso. Nunca vou comprar outro Aston Martin, enquanto eu estiver vivo”.

Hoje Cliff vive em Savannah, Georgia, e dirige um Aston Martin DB9.”

Ouça o próprio Brian Johnson contando essa história
(ative a legenda no player do Youtube)

Esse texto foi retirado e traduzido do livro Rockers and Rollers: A Full-Throtlle Memoir (Pág. 11-13) com o mero intuito de promovê-lo, sem fins lucrativos ou ônus sobre o material da respectiva Editora e Autor.