“Que se foda”, diz o vocalista Brian Johnson.

O AC/DC sobreviveu às eras do vinil e cassete, mas Brian diz que a banda teria acabado se a amizade entre os membros mostrassem sinais de enfraquecimento.

“Sinceramente, o AC/DC pode morrer amanhã se os rapazes, quando juntos, não derem algumas risadas”, diz Brian. “Somos uma das poucas bandas que ficam juntas no mesmo vestiário. Acreditem, não estou brincando.”

“De repente, enquanto estamos conversando sobre as coisas, dizemos: ‘Vamos lá rapazes. Vamos lá’. Nós ainda estamos falando de cavalos ou sobre o merda do Gordon Brown. Conversamos sobre qualquer coisa. O papo nunca acaba e acho que é isso que nos mantêm vivos e acesos.” 

Brian, o mais velho da banda, entrou em cena após a morte do vocalista Bon Scott em 1980. Como seu 30º aniversário com o AC/DC se aproximando, ele admite que a banda sempre se manteve a mesma, mas está lutando contra o mundo da música em evolução.

Brian Johnson e Angus Young. "Black Ice Tour". 2008 - 2010.

Brian Johnson e Angus Young. “Black Ice Tour”. 2008 – 2010.

“Bem, com esta gravação [Black Ice] – quero dizer, esta gravação atravessou um mar de sangue”, diz ele. “Sempre curtimos um pouco do sucesso e o fato sermos uma grande banda, mas não estamos habituados em ter os hotéis cercados e ter que ter segurança especial – é uma coisa estranha. Não encontramos tantas pessoas como costumávamos porque não podemos mais sair sem sermos seguidos. Não é que isso incomoda… é que você não pode ir a um jantar.” 

Brian fala que a banda está bastante protegida do mundo exterior nos dias de hoje. Se a banda não está no palco, estão escondidos em um hotel em algum lugar esperando para viajar, mas as duas horas no palco “compensa”.

“Você percebe que todo o tédio e a merda que você teve que aturar no hotel, como o serviço de quarto, é para essas duas horas de diversão”, diz Brian.

“São 22 horas de viagem, de tédio e comendo a comida dos outros para ter as duas melhores horas de sua vida. Às vezes parece injusto que mais pessoas não podem estar desfrutando desse sentimento, mas é divertido.”

“É assim, eles abrem a porta e dizem: ‘Vão ter suas duas horas de diversão agora. Andem logo e subam lá. Vamos rapazes. A pausa para o chá terminou – de volta pra lá’.”

A banda levou oito anos para lançar seu 16º álbum de estúdio, Black Ice, que desembarcou como um trovão todo poderoso em 2008 e, assim como fizeram os fãs, Brian também se indagou sobre o futuro da banda dessa vez. “Sim, me indaguei”, diz ele. “Isso faz um bom tempo, eu me perguntava se tocaríamos mais uma vez.”

“Foi como uma férias. É da única maneira que consigo explicar isso, e acho que precisava dessa pausa. Não tínhamos parado desde 1980 até 2001 – 21 anos de turnês e gravações, e eu acho que precisávamos de um descanso – e dos grandes.”

O “grande descanso” pode explicar a energia que velhos roqueiros têm nesta grande turnê mundial, tocando por mais de duas horas.

Antes de Brian terminar a conversa, a pergunta inicial deve ser refeita – O real segredo do AC/DC é o lema de não ser excêntrico?

“Tenho bons amigos, boas pessoas e companheiros da escola”, diz Brian. “É com quem você está cercado.”

“Se você cortar as pessoas negativas que tentam sugar a sua vida, você acertou. Esse é o segredo. Ah, caramba! Estou começando a soar como um velho (risos).”

Fonte: Adelaidenow (Arquivo AC/DC Brasil – Entrevista de 2009)