O líder do Megadeth, Dave Mustaine, escolhe (e discute) o álbum que mudou sua vida.

AC/DC – “Let There Be Rock” (1977)

Comprei esse álbum quando eu tinha 16 ou 17 anos. Ainda lembro quando cheguei com o vinil em casa, coloquei ele no meu toca-discos barato, as primeiras notas de “Overdose” simplesmente me arrepiaram. O som da guitarra era tão selvagem, e isso despertou uma faísca dentro de mim que me fez tratar a guitarra como uma arma.

A sabedoria por trás do álbum “Let There Be Rock” é que Angus e Malcolm Young tinham com eles uma parede de [amplificadores] Marshall muito bem configurados. E também posso dizer que o som dos amps era incrivelmente alto: você praticamente pode sentir os dedos do Angus indo contra as cordas da guitarra.

Dave Mustaine e Angus Young - 2000

Dave Mustaine e Angus Young – 2000

Bon Scott instantaneamente se tornou meu herói. Muito pelas letras que ele estava escrevendo. Eu era um adolescente, e lá estava esse cara cantando sobre boquetes, bebedeiras e encontros com as gordinhas! Eu pensava: “Bom, eu ainda não tive o azar de ter um encontro com uma gordinha, mas o resto da canção eu já experimentei. O Bon estava cantando a minha música!”.

Quanto mais eu escutava AC/DC, mais eu crescia como músico. Quando eu era jovem e estava aprendendo música, eu tive influências da “Invasão Britânica“: The Beatles, The Who e Stones. Mas quando chegou a hora de desenvolver o meu estilo de tocar guitarra, a influência veio da “Nova Onda de Heavy Metal Britânico”.

Algumas pessoas vão discutir se o AC/DC faz ou não parte da “Nova Onda”, mas eu sei que há uma vácuo entre a “Invasão Britânica” e a “Nova Onda de Heavy Metal Britânico” – o qual o AC/DC se enquadrou. Quando eu penso em como o meu estilo se desenvolveu, logo vem na memória bandas que me influenciaram como AC/DC, Diamond Head e Iron Maiden. Se você prestar atenção no meu estilo de tocar – mesmo que ele seja desleixado -, vai ver que há essências de Jimmy Page, Michael Schenker e Angus Young.

Mas enquanto Angus sempre foi o meu herói, eu sempre me identifiquei mais com Malcolm. Ritmo é algo realmente importante no rock e metal. E aquele ter uma pegada verdadeira de precursão com a guitarra, pra mim o cara está fazendo uma arte que é vital para o som da música. É isso o que Malcolm faz, e é por isso que o AC/DC é a banda dele.

Dave e Malcolm Young - 2000

Dave e Malcolm Young – 2000

Até hoje eu escuto “Let There Be Rock” e ele me motiva. Esse álbum marcou um momento decisivo de minha vida, aquele momento que eu realmente decidi o que eu iria fazer sem me importar com o que viesse a acontecer.

Fonte traduzida: Guitar World