Leia um trecho da entrevista de 2011 com Angus Young feita pelo jornalista Nick Bowcott para a revista “Guitar World”. Angus fala sobre algumas características do irmão companheiro de banda.

Angus Young: O Malcolm é subestimado de verdade. Só que é ele que faz com que som da banda seja tão completo como é. Eu não poderia pedir por um tocador de ritmo melhor.

Às vezes eu olho para o Malcolm enquanto ele está tocando, e fico abismado com o puro poder da forma como ele toca. Ele faz um som muito mais original do que o que eu faço; um som crú e original.

Pessoas como Malcolm, Steve Cropper, Chuck Berry e Keith Richards, estão todos fazendo algo melhor do que o resto de nós [guitarristas solo]. Não nego que o estilo e sonoridade de Eddie Van Halen e Eric Clapton influenciou muitos músicos por aí, mas pra mim, é a ‘coisa’ do ritmo que é a mais importante e significante para uma banda.

Angus e Malcolm Young

Angus e Malcolm Young

O Malcolm é uma grande inspiração pra mim. Ele me mantém em pé até mesmo quando eu estou cansado de correr em volta do palco por duas horas. Nesses momentos eu dou uma olhada pra trás e vejo o que ele está fazendo, e de certa forma ele me dá o chute no rabo que às vezes preciso [Risos]. Além disso, ele sempre pode me dizer se estou tocando bem ou não. O ‘Mal’ é um crítico barra pesada, e eu sei que se eu conseguir agradá-lo, agradarei todo mundo. Muitas pessoas falam: ‘Ah, o AC/DC. Aquela banda do carinha com uniforme escolar que fica correndo igual a um doido pelo palco.’ Mas eu não seria capaz de fazer o que faço sem o Malcolm e os rapazes – que ficam ‘colocando a lenha’ no ritmo. São eles que fazem eu parecer o bacana.

O ‘Mal’ de fato é um guitarrista ‘pau pra toda obra’. Eu sei que na capa do álbum ele recebe o título de ‘guitarra base’, mas garanto pra você que se ele parar pra fazer um solo, ele o fará melhor do que eu. Não são todas as pessoas que sabem disso, mas nos nossos primeiros anos era ele quem tocava a ‘guitarra solo’. Então um dia ele me disse: ‘Não, você faz os solos. Deixa que eu explodo as coisas aqui atrás, na base.’ E ele faz isso muito bem. Ele simplesmente não faz um barulho; ele conduz muito bem, e ele sabe exatamente quando não tocar.

Guitar World: Aquilo que o Malcolm toca de fundo durante sua introdução da música “For Those About to Rock” é um grande exemplo do que estamos falando aqui. É poderoso, porém ralo, mas complementa a sua parte com perfeição, e é muito bem pensando.

Young: Sim, ele acertou em cheio com essa ideia. Assim que ele entra [Figura 1], ele coloca a música numa escala mais alta. Imediatamente ele faz você saber do que se trata e quem é que está tocando. Quero dizer, assim que você ouvir o primeiro acorde B, você sabe que é ele. E, se você ouvir atentamente o que ele está fazendo… ele não está apenas repetindo os mesmos riffs de novo e de novo. Cada vez soa diferente, e isso realmente ajuda a construir a intensidade da introdução até que toda a banda comece a tocar. Para fazer isso bem feito não é fácil; você tem que ser um mestre do ritmo, e isso é exatamente o ‘Mal’ é.

Tab - "For Those About to Rock"

Tab - "For Those About to Rock"

O meu papel no AC/DC é apenas dar uma cor para a coisa toda. O ‘Mal’ é a estrutura da banda. O rock dele é preciso e ele o toca com a energia de uma máquina. No entanto, ele não é uma máquina. Ele toca grooves e parece que ele sempre sabe o que tocar, quando tocar e como tocar. Ele também é um tocador muito percussivo; às vezes parece que a mão direita dele não vai parar! É assustador, de verdade!

O primeiro riff verso de “Dog Eat Dog” [Let There Be Rock] é um exemplo perfeito do método de precursão do Malcolm.

Young: Sim. Eu toco acordes curtos [Figura 2, que pode ser ouvida no canal direito da gravação em stereo] enquanto Mal toca um pouco mais rápido [Figura 3, que está no canal esquerdo]. Ele é como um metrônomo humano maldito! Está tudo naquela mão direita dele, saca!”

Tab - "Dog Eat Dog"

Entrevista original: Guitar World